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Simplista assim – 23/02/2025 – Opinião
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Guto Zacarias
Em um belo domingo, sentei-me à varanda para ler a Folha com calma. Deparei-me com texto da colunista Ana Cristina Rosa (“Simples assim”, 16/2) e, antes mesmo de abri-lo, sabia do tema que seria tratado: racismo, cotas, discriminação etc. Ana Cristina Rosa é uma colunista monotemática, para quem os fenômenos mais complexos podem sempre ser explicados através da lente simplória do “racismo estrutural” —e tudo, absolutamente tudo, é reflexo de relações raciais.
Eu não estava errado. A monomania de Ana Cristina Rosa nunca falha. Mais uma vez ela se propôs a explicar ao leitor o quão racista é a sociedade brasileira (e a sociedade ocidental), dominada por uma elite escravocrata cujo único propósito é manter os negros submissos. A tal da “elite” é bem parecida com um vilão de desenho animado, que dá risadas caricatas ao expor o seu plano maléfico.
Desta vez, porém, tive uma surpresa ao ler o artigo (sim, até os colunistas mais previsíveis, que só conseguem tratar de um tema, podem nos surpreender de vez em quando): Ana Cristina me citou. Não diretamente, claro, mas ela deixou implícita a menção à minha pessoa quando disse que dois deputados do União Brasil haviam apresentado projetos de lei como resposta à decisão do Superior Tribunal de Justiça, que decidiu que a lei antirracismo só protege os negros. E disse que é triste saber que algumas pessoas não enxergam isso.
Eu sou um desses deputados que Ana Cristina mencionou. Como deputado estadual, não tenho competência para legislar sobre direito penal, mas apresentei um projeto de lei para alterar a lei antirracismo do estado de São Paulo (que prevê sanções administrativas) e garantir que todas as pessoas tenham a mesma proteção e que todos os que incorrem em conduta racista sejam igualmente punidos. O segundo parlamentar mencionado é, presumivelmente, meu amigo e companheiro do Movimento Brasil Livre, o deputado federal Kim Kataguiri, que apresentou projeto de lei para mudar a lei antirracismo federal e garantir que ela fosse aplicada para a proteção de todos, diferentemente do que o Superior Tribunal de Justiça decidiu.
Além de deputado, sou um homem negro. Sei que existe racismo e sei que uma das formas de ele se expressar é pela construção de uma senzala ideológica, em que a minha cor de pele determina o que devo pensar, como devo agir e em quem devo votar. Há anos a esquerda brasileira tenta prender os negros (como eu) nessa senzala. Os que buscam uma alforria ideológica são prontamente punidos pelo açoite dos membros da Casa Grande esquerdista, que não admite qualquer divergência.
Desde 2023, exerço o meu mandato e, nesse curto período, já fui vítima de ofensas raciais das mais diversas, proferidas em meio presencial ou eletrônico. Todas elas têm uma coisa em comum: foram proferidas por militantes de partidos de esquerda, que se acham no direito de expressar ofensas racistas quando um negro não adere à sua cartilha ideológica.
Aos militantes de esquerda, que tantas vezes proferiram ofensas racistas contra mim, e à colunista, digo: não adiro à sua cartilha e não vou aderir. Acho que todas as pessoas são iguais. Acho que a lei deve proteger e punir a todos igualmente. A ideia de que a lei faça distinção entre pessoas por conta da cor da sua pele é, para mim, abominável. A lei antirracismo (federal e estadual) deve proteger a todos e punir qualquer pessoa, de qualquer cor, que incida em conduta racista.
Essa ideia de igualdade, tão simples e tão bonita, é considerada herética pelos sacerdotes da esquerda, que levam os divergentes à fogueira do cancelamento, da perseguição e do linchamento público. Por meio do medo, a esquerda consegue calar qualquer voz dissonante e dizer aos negros o que pensar e como agir.
Sinto informar à monotemática colunista, mas nós do Movimento Brasil Livre estamos promovendo uma revolta igualitária. Queremos uma sociedade em que ninguém seja classificado pela cor da pele e qualquer pessoa que viole a lei seja punido. Uma sociedade sem castas. Uma sociedade em que negros, brancos, indígenas e demais pessoas sejam vistos como indivíduos e julgados de acordo com suas ações, seu mérito e seu caráter, exatamente como Martin Luther King Jr. sonhou.
Sugiro à colunista que retifique o título do seu texto. Em vez de “simples assim”, deveria chamar-se “simplista assim”.
TENDÊNCIAS / DEBATES
Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
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Vídeo: Zelenskyy se oferece para trocar a presidência da Ucrânia na OTAN | Guerra da Rússia-Ucrânia
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24 de fevereiro de 2025
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskyy, ofereceu -se para deixar o cargo em troca de membros ucranianos da OTAN, depois de comentários do presidente dos EUA que acusam Zelenskyy de ser um ditador que não realizará eleições.
Publicado em 24 de fevereiro de 202524 de fevereiro de 2025
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Como o ex-pedocrimonal da Chirurgia com as 299 vítimas é tão longo “gasto entre as gotas”
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24 de fevereiro de 2025
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Na televisão e nas revistas de vários fatos, o doutor Joël Le Scouarnec gostava de seguir as histórias de homens que se pareciam com ele: os pedófilos. Ele se reconheceu neles, orgulhoso de ser diferente. Para um detalhe: ele nunca seria pego. Isso só aconteceu com os outros, ele se sentiu intocável. Ao longo de sua carreira, nenhuma equipe de enfermagem nunca o surpreendeu com o fato de que nenhuma queixa foi apresentada por um pequeno paciente ou seus pais. De uma maneira formidável, o cirurgião inventou um crime sexual perfeito.
Finalmente preso em 2017, alguns meses antes de sua aposentadoria, Joël Le Scouarnec, 74, será julgado por estupro ou agressão sexual agravada de 299 supostas vítimas, que ele reconheceu principalmente. Idade média deste último: 11 anos no momento dos fatos. Mas se o médico aparecer sozinho na caixa, as falhas das instituições francesas na proteção infantil devem invadir debates.
É em Vannes, uma cidade onde seu julgamento será realizado perante o Tribunal Penal de Morbihan a partir de segunda -feira, 24 de fevereiro, que a grande maioria dos fatos teria ocorrido. Hoje desapareceu, a clínica de Sacré-Coeur era um pequeno estabelecimento privado administrado por freiras quando Joël Le Scouarnec foi recrutado lá em 1994. Naquela época, o setor de saúde já está afundando na miséria, com sua feroz reestruturação e sua escassez de recrutamento. A chegada de um cirurgião digestivo de 44 anos, ex -hospitais internos de Nantes, uma mulher e três filhos, depois parece um benefício.
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A AFD de extrema direita alemã vê ganhos históricos, ainda fora de poder-DW-23/02/2025
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24 de fevereiro de 2025
É um resultado histórico para o Alternativa para o Partido da Alemanha (AFD): Apenas 12 anos após a fundação do partido de extrema direita, ele se tornou a segunda maior força política da Alemanha.
Com cerca de 20% dos votos, é quase dobrou seu resultado da última eleição alemã em 2021.
No leste da Alemanha, até se tornou a força política mais forte.
Na noite das eleições, o candidato principal da AFD Alice Weidel enfatizou novamente que seu partido está disposto a entrar em uma coalizão com a aliança vencedora do centro-direita do União Democrática Cristã (CDU) e seu partido irmã da Baviera, o União Social Cristã (CSU).
Ao mesmo tempo, ela atacou o líder da CDU e provavelmente o próximo chanceler Friedrich Merz.
Em referência à promessa de Merz feita há vários anos para reduzir pela metade a parte dos votos da AFD, Weidel disse a seus apoiadores: “Eles queriam nos reduzir pela metade, mas o oposto aconteceu!”
O AFD conseguiu moldar o discurso político durante a campanha eleitoral na Alemanha com sua retórica anti-imigração, pedindo que as fronteiras da Alemanha sejam fechadas para refugiados e requerentes de asilo.
Afd quase dobra o apoio da última eleição
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Apoio de Musk e Vance
Bilionário dos EUA e Trump Confidente Elon Musk fez as manchetes na Alemanha durante a campanha eleitoral, quando ele apoiou ativamente o AFD. Ele se juntou ao vice -presidente dos EUA, JD Vance, que também saiu em apoio ao partido.
O AFD é classificado pelas autoridades de segurança alemãs como extremistas parcialmente extremos, com alguns de seus capítulos e membros do partido sob observação pela Agência de Inteligência Doméstica.
Essa classificação foi motivada por inúmeras declarações por funcionários do Partido da AFD, que, por exemplo, questionam se os alemães com formação em imigração devem desfrutar de direitos iguais.
Vários funcionários da AFD também estão sob escrutínio para usar slogans e símbolos proibidos do Era nazista.
Uma das principais figuras do partido, o presidente do estado da AFD da AFD Björn Höckefoi condenado duas vezes em 2024 por usar um slogan proibido do paramilitar Sturmabteilung de Hitler, SA.
Nas semanas que antecederam as eleições gerais, centenas de milhares de pessoas na Alemanha protestaram contra o AFD. A ascensão do partido foi vista como um perigo para a democracia e para os migrantes no país.
Quanto as visões neonazistas influenciam o AFD da Alemanha?
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Afd ainda tratado como pária
Apesar do sucesso das eleições, o resultado da AFD fica aquém das próprias expectativas do partido. Muitos membros esperavam secretamente que acabassem com o pescoço e o pescoço com a CDU ou até chegassem primeiro.
A festa noturna eleitoral da AFD foi um caso suave, apesar dos ganhos eleitorais.
Não há novas opções para o AFD.
Em um debate na TV pós-eleição com os principais candidatos dos partidos, Merz repetiu sua rejeição ao AFD como uma potencial coalizão Parther.
“Você pode estender sua mão o quanto quiser, não faremos as políticas erradas para este país”, disse ele.
Merz citou diferindo na política estrangeira e de segurança como o principal motivo para rejeitar a cooperação com o AFD.
O partido de extrema direita está pedindo que a Alemanha deixe a UE, um retorno a uma moeda nacional e o fim do apoio militar à Ucrânia.
Dirigindo -se diretamente a Weidel, Merz disse: “Você quer o oposto do que queremos e é por isso que não haverá cooperação”.
Alice Weidel está de olho no futuro: ela já indicou sua disponibilidade para ser o candidato de seu partido a chanceler na próxima eleição em 2029.
“Vamos ultrapassar a CDU/CSU. E então teremos um mandato para governar”, declarou Weidel no próprio canal de TV do partido.
Este artigo foi originalmente escrito em alemão.
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