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Sueli Carneiro escreve biografia fiel de Lélia Gonzalez – 13/11/2024 – Tom Farias

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Sueli Carneiro escreve biografia fiel de Lélia Gonzalez - 13/11/2024 - Tom Farias

Quando Lélia Gonzalez morreu, em 1994, há 30 anos, o movimento social negro sentiu um grande baque pela perda da intelectual e reconhecida militante que, já naquela altura de sua vida, se projetava como uma das vozes mais fortes no combate ao racismo e na organização feminina negra, sobretudo na projeção do debate sobre raça e classe no Brasil.

Nascida em Belo Horizonte, em 1935, penúltima filha de uma família de 18 irmãos, tendo um pai chefe ferroviário, fruto da Lei do Ventre Livre (promulgada em 1871) e de uma mãe capixaba, de origem indígena e analfabeta, Lélia veio ao mundo para cumprir o papel que a sociedade colonialista ainda e sempre destinava às pessoas pobres e pretas, como ela, oriundas do período da famigerada escravidão, que dominou por mais de 350 anos o nosso país.

Ainda jovem passou pelo duro trabalho de babá (palavra em quimbundo que significa cuidadora de crianças), e a recusa de se reconhecer uma mulher negra, adotando o alisamento de cabelo crespo, e o uso de roupas mais sóbrias, fase agravada quando se casa com Luiz Carlos Gonzalez, de origem espanhola, de quem herda o sobrenome.

A tempestade perfeita dessa relação e o choque, somadas as diferenças sociais do casal, se aprofundam pela rejeição da família do marido, que provoca dor e revolta —levando ao trágico suicídio de Gonzalez um ano depois— fazendo Lélia ser confrontada diante de um mundo dividido entre negros e brancos, racista e violento.

Toda essa rica história, contada com o auxílio de fotos primorosas da trajetória da militante feminista negra brasileira, ao lado de ícones como Angela Davis e Abdias Nascimento, está agora no excelente perfil biográfico “Lélia Gonzalez, Um Retrato” (Zahar), livro escrito pela socióloga Sueli Carneiro, outra histórica militante engajada na luta política e social de emancipação feminina, sobretudo das mais vulneráveis, e contra o racismo.

No livro, Carneiro destaca os termos “amefricanidade” e “pretuguês”, cunhados por Lélia Gonzalez no curso do seu discurso centrado na hegemonia de sua afirmação enquanto principal voz do ativismo negro, formulando e criando entidades combativas como MNU (Movimento Negro Unificado) e IPCN (Instituto de Pesquisa das Culturas Negras), essa situada no Rio de Janeiro.

Além de tudo, como ensaísta e professora, Gonzalez elabora agendas, projetos e ações com foco na população negra, atuando em pautas ainda hoje tão caras em prol do feminismo afro-latino-americano —o que a leva a tentar a vida parlamentar.

Ao traçar o perfil de Lélia Gonzalez, Sueli Carneiro, de certa forma, posiciona o século 20 no contexto das lutas por igualdades de direitos, ao longo de uma jornada que une “mulheres da diáspora africana na América Latina e no Brasil”.

Como mulher negra e antirracista, Gonzalez, como aponta Carneiro, ao citar Januário Garcia, “nos ajudou a entender melhor o racismo como uma ideologia de dominação social que fomenta políticas discriminatórias e racistas”.

Como podemos perceber, “Lélia Gonzalez, Um Retrato” é um projeto ousado, pautado na trajetória de uma mulher que dedicou a vida à luta negra.


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Janeiro de 2025 foi o mais quente da história – 06/02/2025 – Ambiente

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Janeiro de 2025 foi o mais quente da história - 06/02/2025 - Ambiente

Giuliana Miranda

Apesar do desenvolvimento do fenômeno climático La Niña, que favorece o resfriamento das temperaturas globais, o ano já começou com um novo recorde de calor. O primeiro mês de 2025 acaba de ser declarado o janeiro mais quente da série histórica pelo observatório Copernicus, da União Europeia.

O resultado surpreendeu os cientistas, que diziam já esperar ver os primeiros sinais de abrandamento do calor.

“Janeiro de 2025 é mais um mês surpreendente, dando continuidade às temperaturas recordes observadas nos últimos dois anos, apesar do desenvolvimento das condições de La Niña no Pacífico tropical e do seu efeito temporário de resfriamento nas temperaturas globais”, enfatizou Samantha Burgess, líder estratégica de clima no Centro Europeu de Previsões Meteorológicas de Médio Prazo (ECMWF).

A temperatura média da superfície do ar foi de 13,23°C, ficando 1,75°C acima dos níveis pré-industriais, período considerado como parâmetro para os termômetros antes da emissão em larga escala de gases-estufa e de seus efeitos no clima.

O recordista anterior, janeiro de 2024, teve temperatura média na superfície de 13,14°C.

Após dois anos em que o El Niño favoreceu temperaturas mais altas, a expectativa era que a chegada do fenômeno oposto, o La Niña, contribuísse para aliviar os termômetros neste começo de ano. Não foi o que aconteceu.

“Janeiro de 2025 superou o recorde anterior estabelecido em janeiro de 2024 por uma margem significativa. E, ao contrário dos recordes anteriores em janeiros passados (2007, 2016, 2020 e 2024), atualmente não há um evento El Niño impulsionando as temperaturas globais”, disse o cientista climático especialista em dados Zeke Hausfather, em uma publicação esmiuçando os resultados.

“Pelo contrário, o mundo está sob condições moderadas de La Niña, que, em teoria, deveriam resultar em temperaturas globais mais baixas”, completou.

Embora contribua para uma redução pontual e temporária nas temperaturas, o fenômeno La Niña não desacelera as mudanças climáticas. A redução das emissões e da concentração de gases-estufa, oriundos principalmente do uso de combustíveis fósseis (petróleo, carvão e gás natural), é a única forma efetiva para frear o aquecimento.

Este foi o 18º mês, nos últimos 19 meses, a registrar aquecimento superior a 1,5°C em relação à época anterior à Revolução Industrial. Essa cifra, que é considerada pelos cientistas como o teto para evitar as piores consequências das mudanças climáticas, é também o limite preferencial pactuado no Acordo de Paris, de 2015.

Há menos de um mês, de forma independente, várias instituições —incluindo o próprio Copernicus, a Nasa e a Organização Meteorológica Mundial, vinculada à ONU (Organização das Nações Unidas)— confirmaram que 2024 superou 2023 como o ano mais quente da história da humanidade.

Para a maior parte dessas instituições, 2024 foi também o primeiro ano com média de temperatura superior a 1,5°C em relação aos valores pré-industriais. No cálculo dos europeus, o aquecimento do ano passado foi 1,6°C acima da média entre 1850 e 1900.

Embora afirmem que o resultado é motivo de alerta, os pesquisadores destacam que a barreira de 1,5°C ainda não foi definitivamente rompida. Para que isso aconteça, serão necessários ainda vários anos com os termômetros acima deste patamar.

“É importante enfatizar que um único ano acima de 1,5°C não significa que não conseguimos cumprir as metas de temperatura de longo prazo do Acordo de Paris, que são medidas por décadas, não em um ano específico”, disse Celeste Saulo, secretária-geral da Organização Meteorológica Mundial.

“No entanto, é essencial reconhecer que cada fração de um grau de aquecimento é importante. Seja em um nível abaixo ou acima da meta de 1,5°C, cada incremento adicional de aquecimento global aumenta os impactos sobre nossas vidas, economias e nosso planeta.”

Segundo o Copernicus, o período dos últimos 12 meses, de fevereiro de 2024 a janeiro de 2025, ficou 1,61°C acima da média estimada de 1850 a 1900. Na comparação com intervalo mais recente, de 1991 a 2020, o aumento foi de 0,73°C.

Em janeiro, a temperatura média terrestre na Europa —onde é inverno— foi de 1,8°C, ficando 2,51°C acima da média para o mês no período de 1991 a 2020. Este foi o segundo janeiro mais quente da série histórica na região, atrás apenas do de 2020, que ficou 2,64°C acima da média.

Fora do velho continente, as temperaturas estiveram bem acima da média no nordeste e noroeste do Canadá, Alasca e Sibéria. Também ficaram acima da média no sul da América do Sul, na África e em grande parte da Austrália e da Antártida.



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No Afeganistão, ONGs e a ONU estão sob a ameaça de expulsão pelo Taliban

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No Afeganistão, ONGs e a ONU estão sob a ameaça de expulsão pelo Taliban

Um médico de médicos sem fronteiras (MSF) examina, diante da mãe, uma criança que sofre de desnutrição, no serviço pediátrico do Hospital Regional, apoiado por MSF, Herat, Afeganistão, 28 de outubro de 2024.

Logo após as 16h, no final de janeiro, na época do lançamento dos escritórios da ONU, no oeste de Cabul, a equipe local terminou o dia. Nos corredores do vasto complexo da ONU cruzando homens e mulheres, funcionários afegãos e internacionais, deixando uma impressão de normalidade neste país que vive sob a lei islâmica desde o retorno do Talibã no poder, em agosto de 2021. Fora, carros aguardam esses afegãos. Outros sobem em microônibus. Tudo voltará no dia seguinte. No entanto, essa cena não é trivial. As Nações Unidas e essas mulheres derrotam da regra que proíbe ONGs e outras organizações internacionais de acolher funcionários locais, se estes não estiverem estritamente separados de nenhuma presença masculina.

Uma situação em que o líder espiritual e político do movimento islâmico, o Emir Haibatullah Akhundzada, não quer mais ouvir. No início de dezembro de 2024, ele reuniu -se em sua fortaleza de Kandahar, no Ao sul do país, as principais figuras do regime a impor, por decreto, o fechamento de todas as ONGs nacionais e estrangeiras usando mulheres afegãs. Essa medida é desafiada por certos participantes e, por enquanto, repelida. Mas é apenas uma questão de tempo. O futuro das ONGs, incluindo a ONU, está no coração de um confronto entre os clãs do Taliban, cujo resultado parece favorável aos mais conservadores, ansiosos para preservar sua autoridade aos olhos da base do Taliban mais radical. Em 26 de dezembro, o Ministério da Economia e as Finanças do Taliban, da qual as ONGs dependem, disse que qualquer estrutura não cumpre essa medida seria removida sua licença operacional.

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O BJP de Modi preparou para vencer as eleições estaduais de Delhi pela primeira vez em 27 anos, pesquisas de saída mostram | Índia

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O BJP de Modi preparou para vencer as eleições estaduais de Delhi pela primeira vez em 27 anos, pesquisas de saída mostram | Índia

Penelope MacRae in Delhi

O partido do primeiro-ministro indiano Narendra Modi parece preparado para vencer as eleições do estado de Delhi, uma vitória que encerraria uma seca de 27 anos, de acordo com pesquisas de saída dos eleitores.

Se as projeções se mantiverem, o Partido Bharatiya Janata (BJP) deve encerrar o regra de quase uma década na região da Capital Nacional e recuperar a Assembléia de Délhi.

Uma “pesquisa de pesquisas” composta colocou o Partido Pro-Hindu BJP em 43 assentos, com AAP atrás de 26. O Congresso Secular, liderado por Rahul Gandhi, foi projetado para ganhar apenas um assento em um estado que já foi uma fortaleza para isso . Algumas pesquisas individuais, no entanto, sugeriram um concurso muito mais apertado e a AAP insistiu que as pesquisas de saída estavam erradas.

“As pesquisas de saída nunca foram certas sobre a AAP. Toda vez, a AAP invadiu o poder com um mandato enorme, e desta vez não será diferente ”, disse o porta -voz da AAP Priyanka Kakkar. Em 2020, a AAP conquistou 62 dos 70 assentos de montagem, com o BJP capturando os oito restantes.

Uma derrota para a AAP marcaria um grande revés para o partido anti-establishment e seu líder, Arvind Kejriwalum ativista cuja unidade anticorrupção ajudou a varreu o poder em 2015 em Delhi e que está procurando estender a presença do partido nacionalmente.

Kejriwal fundou o partido em 2012, apresentando -o como uma cruzada para o Aam Aadmiou homem comum, e prometendo melhorar os serviços básicos da saúde e eletricidade à água e educação.

Kejriwal, cujo símbolo do partido é uma vassoura, tem sido um crítico vociferante de Modi, que tem sido igualmente contundente em troca. O primeiro -ministro fez campanha com força contra a AAP antes da eleição de Délhi, falando em muitos comícios.

A vitória prevista do BJP seria outro enchimento para a festa após um desempenho relativamente abaixo do esperado nas eleições gerais de maio de 2024, onde ela ficou aquém de ganhar uma maioria total no parlamento. Formou um governo com parceiros de coalizão.

Agora, depois de conquistar vitórias nos estados de Maharashtra e Haryana desde as eleições nacionais, as fortunas do BJP poderiam estar decisivamente no aumento. Os resultados oficiais devem ser entregues no sábado.

Durante a campanha, todos os três partidos atraíram agressivamente os eleitores com promessas de brindes – desde água livre e eletricidade até incentivos em dinheiro.

O modelo de governança da AAP é baseado em esquemas populares de bem -estar público que ganharam amplo apoio. A AAP também se promoveu como uma alternativa política “sinuosa limpa” ao BJP e ao Congresso.

Mas seu segundo mandato foi jogado em tumulto por alegações de corrupção que viram Kejriwal, que era ministro -chefe, e seus dois ministros mais próximos preso por longos trechos.

As prisões surgiram de um golpe de licor, no qual a AAP foi acusada de aceitar propinas em uma política de consumo agora escorvida. As agências de investigação do governo central da Índia alegaram empresas de bebidas canalizadas subornos para líderes da AAP.

A AAP negou as acusações e disse que o BJP estava travando uma vingança política. Mas as alegações, juntamente com a construção da residência de um ministro -chefe de que o BJP apelidou de Sheeshmahal – Palácio dos Espelhos – amassou a posição do partido com os eleitores.



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