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TECNOLOGIA: WeChat, o aplicativo “faz-tudo” que mudou a vida dos chineses

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Esqueça as telas de smartphone poluídas por dezenas de aplicativos. Na China, tudo pode ser resolvido por um único app. O WeChat –ou Weixin, como é chamado em seu país de origem– é um verdadeiro canivete suíço digital com quase 1 bilhão de usuários. Com ele, pode-se resolver quase todos os problemas da vida cotidiana em poucos cliques, especialmente na China, onde o aplicativo conta com mais funcionalidades. É possível pedir comida, consultar um médico, reservar pacotes de viagem, paquerar, comprar todo tipo de produto, chamar um táxi, ver postagens de amigos, checar fanpages e ainda pagar do cafezinho ao novo automóvel. Mais: um programa piloto, chamado de WeChat ID e já utilizado na cidade de Guangzhou (antiga Cantão) e em cortes de um distrito de Pequim, permite armazenar os dados de documentos do usuário para que ele possa utilizar o aplicativo como identificação oficial. Tudo isso convenientemente centralizado em um só lugar – e sob o olhar sempre atento das autoridades chinesas.

“Para mim, o mais importante são as trocas de mensagens, nem tanto a função social. Gosto, inclusive, do fato de podermos escolher se nossas postagens ficarão online indefinidamente, por seis meses ou por três dias”, diz a estudante Jiang Xuetong, 21, da Universidade de Comunicações de Pequim.

Ela é mais uma dentre os milhões de usuários do WeChat. Xuetong, no entanto, prefere aplicativos separados para realizar outras tarefas, como pedir comida ou chamar um táxi. Para a estudante, apps exclusivos acabam sendo mais completos.

A gerente de marketing e de branding Marta Cheng, 27 anos, também é desse time. “O WeChat é para bate-papo e para curtir as postagens”, diz referindo-se a uma função que, na versão em português do programa, ganhou o nome de “Momentos”. Cheng diz que não costuma usar o WeChat para pedir comida ou andar de táxi, mas confessa ser adepta de uma outra funcionalidade: as consultas médicas online. “Não pego fila, não há deslocamento. Poupa muito tempo”, diz. O pagamento é feito através do próprio WeChat.

A dona do faz-tudo dos smartphones é a poderosa Tencent, uma gigante chinesa da internet avaliada em 500 bilhões de dólares — montante suficiente para elevar a companhia ao clube de titãs da tecnologia, como Apple, Amazon e Facebook. Fundada em 1998 na cidade de Shenzhen, não muito distante de Hong Kong, a Tencent é um centro de inovação digital. Muito da vitalidade financeira da empresa se deve ao WeChat, mas o aplicativo não surgiu por acaso: a Tencent entendia como ninguém sobre trocas de mensagem na China já no início dos anos 2000 graças ao seu comunicador QQ, semelhante ao quase extinto MSN Messenger e usado principalmente em PCs.

“Uma super vantagem do WeChat em relação a apps que a gente usa no Brasil é a simplicidade de manuseio e a integração entre aplicativos. A melhor ferramenta é a Wallet (Carteira) interna, que faz com que os usuários possam realizar compras ou enviar dinheiro para outros de forma rápida e segura. Eu mesmo morava em uma cidade diferente da minha namorada. Sempre que precisava, comprava meus bilhetes de trem pelo aplicativo e retirava-os na estação. O aluguel de bicicletas também era realizado pelo WeChat. A coisa mais comum, hoje, na China, é ouvir alguém dizer que não anda mais com cartão de crédito e/ou dinheiro de papel. Há bares e restaurantes, inclusive, onde você nem precisa fazer o pedido para o garçom, basta escanear um código QR da mesa e escolher o que quer e pagar pelo seu dispositivo móvel. Em questão de minutos, a comida já está na mesa.”

— Rodrigo Kuo, 26, designer, natural de Aracaju, passou dois anos na China

De acordo com o Centro de Rede de Informação da Internet da China (CNNIC, na sigla em inglês), dos 772 milhões de internautas chineses registrados até o final de 2017, 97,5% estavam conectados pelo celular. Surgido em 2012 com esse público em mente, o WeChat era originalmente usado para bate-papos — uma versão oriental do WhatsApp.

Big Brother chinês

Cinco anos depois, o aplicativo evoluiu, tornando-se onipresente na vida chinesa. Segundo relatório divulgado pela Tencent, no segundo trimestre de 2017, o WeChat possuía 963 milhões de contas ativas (a diferença numérica se deve aos usuários com contas no exterior e às contas de marcas e lojas). Com essa escala, é possível imaginar o volume monumental de dados de usuários coletados pelo aplicativo e o valor disso para as autoridades do país, que adotam uma política de ampla vigilância sobre o que seus habitantes fazem online, e para o marketing direcionado. Do monitoramento de conversas triviais a hábitos de consumo dos usuários, tudo fica registrado e centralizado.

“É uma carteira virtual, pois o pagamento é aceito em qualquer loja, hotel, ou por pessoas. É possível transferir de uma conta de WeChat a outra sem taxas, de uma maneira rápida, simples e segura. Uso o WeChat para pagar tudo, do táxi ao aluguel. Há uma pequena taxa quando se transfere dinheiro da carteira do WeChat para uma conta bancária. E ainda assim é menos que R$ 1.” ​

— André Machado, empresário, natural de Brasília, reside em Pequim desde 2017

O controle obviamente é maior sobre o que se passa dentro das fronteiras chinesas — o WeChat possui diferentes funções disponíveis para quem está dentro ou fora do país. Os filtros que monitoram o que é ou não permitido compartilhar também mudam de acordo com a localização geográfica de quem usa o programa.

A China é extremamente sensível em relação ao conteúdo que permite circular em seu território e possui uma política bastante rigorosa de policiamento digital: assuntos que as autoridades do país consideram prejudiciais a seus interesses são simplesmente interceptados e banidos.

Além de instalar filtros nos servidores e impor regras de conduta a pessoas e a empresas, algumas vezes a censura chinesa é ainda mais explícita: sites, aplicativos e redes sociais são simplesmente tirados do ar no país. O resultado disso é que quem navega online na China encontra uma versão muito particular da Internet, algo que mais lembra uma imensa intranet.

A escala populacional chinesa (são mais de 1,4 bilhão de habitantes, ou 6,5 vezes a população do Brasil) e o aumento da renda local tornam o país extremamente atrativo para quem pode abocanhar uma fatia desse vasto mercado — quem está de fora, não participa da festa. Uma das vítimas recentes do sistema chinês é o próprio WhatsApp. Dependendo do momento, o compartilhamento de fotos ou áudio fica mais difícil. Frequentemente, torna-se simplesmente impossível utilizar o app na China. A explicação: como o programa permite trocas de mensagem –ou telefonemas– de forma criptografada, preservando as informações dos usuários e dificultando a bisbilhotice alheia, ele acabou entrando na lista negra dos censores chineses, da qual há anos fazem parte Google, Facebook, YouTube, Twitter e Instagram.

“Além de combinar vários aplicativos, há uma interface amigável. Substitui completamente o cartão de débito, com a possibilidade de pagamento entre pessoas físicas também. Dá para transferir dinheiro para o seu amigo ou ajudar um estranho na rua que precisa de um trocado para poder tomar um ônibus. Ainda pago contas como luz, água e recarrego o crédito do celular em menos de 30 segundos. Somado a isso, o WeChat serve como fonte de informações. Eu assino contas oficiais e recebo novidades pelo app sobre aulas de tango, sessões de yoga, shows em Pequim e as ofertas de minhas lojas favoritas…”

— Judy Huang, especialista em exames de proficiência, natural de Mogi das Cruzes, reside na China desde 2016

Primordialmente, é uma questão de controle de informações, mas o efeito secundário é criar uma poderosa reserva de mercado que dá forte poder de barganha internacional e corporativa aos chineses.

O segredo do sucesso

O WeChat estourou mesmo ao incorporar um serviço que a rival Alibaba (no Brasil, conhecida por sua subsidiária AliExpress) dominava: o de pagamento digital através de carteiras virtuais, cuja movimentação se dá pela transferência de dinheiro a partir de códigos QR (uma espécie de código de barras) escaneados.

O superapp já se utilizava de códigos QR como atalhos para ligar o mundo offline ao online. Um uso comum dos códigos QR até então era a oferta de mais informações sobre produtos: bastava escanear o código em uma embalagem para ser levado ao website da marca. O WeChat também utilizava essa tecnologia para criar as contas de cada novo usuário (chamadas de IDs) e isso acabou por facilitar a criação de seu próprio serviço de pagamentos e de carteira digital, o WeChatPay. O sucesso foi estrondoso e imediato. Segundo a CNNIC, cerca de 530 milhões de usuários de pagamento online usaram smartphones para suas transações em 2017, com a Tencent ocupando a segunda posição no mercado chinês — atrás apenas do serviço AliPay, da gigante Alibaba.

Os pagamentos digitais na China movimentam hoje cerca de 4 trilhões de dólares ao ano — é cerca de um terço do polpudo produto interno bruto (PIB) nacional. O sucesso dessa modalidade de pagamentos tem explicação: em um país onde grande parte da população não possui conta em banco e no qual há pouca adesão ao cartão de crédito ou de débito, o dinheiro em papel imperava até 2015. A partir daí, a tecnologia via smartphone tornou-se mais eficiente e passou a atrair mais usuários.

“A grande vantagem em relação a concorrentes ocidentais, como o Whatsapp e o Telegram, é que o WeChat congrega três funções num só aplicativo. A primeira é a de comunicação, mandar e receber fotos, mensagens, áudios. Mas você pode realizar chamadas, inclusive de vídeo, o que alguns aplicativos ocidentais não permitem. Uma segunda função é a de rede social, para compartilhar frases e pensamentos com amigos. Aqui, as empresas também se beneficiam, pois há interação com o público. O mesmo acontece com embaixadas ou outros órgãos de governo, que abrem seus perfis, dando um caráter público ao aplicativo. A terceira e última vantagem é que o WeChat permite resolver necessidades diárias em um só aplicativo, a partir da tela do celular. Você faz compras e paga pelo telefone. Faz reserva de hotel, passagens, pede comida, chama táxi. Ao invés de ter vários aplicativos, concentra todas as necessidades diárias em um só lugar.”

— Pedro Henrique Batista Barbosa, 34, doutorando em Políticas Internacionais na Universidade Renmin, reside em Pequim desde 2016

A regulamentação chinesa na área financeira é bastante liberal e permite a empresas atuarem quase como bancos. Isso impulsionou o boom do setor de tecnologia financeira no país. A Tencent fez uma leitura acertada do potencial do mercado e explorou as brechas da legislação chinesa para se tornar o banco dos sem-conta bancária.

Dois usuários do WeChat podem transferir entre si, de uma só vez, até 5 mil yuans (cerca de 2,5 mil reais) em segundos, sem taxa alguma. O dinheiro para a transferência pode vir da própria carteira virtual do aplicativo, previamente abastecida com créditos, ou ainda partir de qualquer conta bancária vinculada ao sistema, além de cartões de crédito e débito registrados. No caso de pagamentos feitos com dinheiro armazenado na carteira virtual, não é necessário nem mesmo estar online para utilizar o serviço.

A incorporação da carteira ao WeChat gerou uma avalanche de parcerias e aquisições, interligando serviços para fisgar o usuário. O aplicativo DiDi, que reúne serviços de táxi e carros particulares e que comprou recentemente a brasileira 99, é um belo exemplo de como a evolução do WeChat influenciou a sorte de outras empresas chinesas. Sua principal competidora era o Uber na China, mas quando a DiDi aliou-se à Tencent e, por consequência, ao sistema WeChatPay, viu seu número de usuários crescer exponencialmente. Bastava um clique no WeChat para confirmar o pagamento da corrida e sair do carro. Não sobrou espaço para a competição. Resultado: a DiDi cresceu tanto que acabou por adquiriu a operação local do Uber.

Tudo o que você queria, antes mesmo que você soubesse

O universo WeChat foi se expandindo de tal maneira que seria quase ingenuidade da Tencent não se aproveitar das informações coletadas para prever as necessidades ou desejos de cada usuário, garantindo a permanência e a utilização do ecossistema do aplicativo através da integração entre serviços e promoções.

Um usuário do WeChat tem pouco estímulo para deixar de usar o aplicativo. Além de centralizar seus contatos e sua vida social online, ele vai recebendo vantagens pelo uso da plataforma, com descontos progressivos por fidelidade e ações de marketing extremamente personalizadas graças às informações coletadas e disponibilizadas pelo WeChat a seus diversos parceiros. As  preferências de uma população cuja classe média só cresce e para a qual privacidade digital é um conceito distante são uma ferramenta comercial valiosa.

“O chat é usado de forma bem intensa no headquarter na China e pelo pessoal no Brasil, substituindo muitas vezes o e-mail. Existem as funcionalidades comuns, como chat, áudio e envio de documentos. É muito comum acordar no Brasil com dezenas e até uma centena de mensagens. Cada vez mais, até pela facilidade, as empresas estão se comunicando via WeChat. Não precisa mais entrar no email, digitar senha. Como é um grupo, isso facilita bastante. Trata-se de uma interação mais instantânea e fluida de informação. Claro que no Brasil o app ainda é pouco usado, então é preciso passar o arquivo, fazer resumos do que foi discutido em áudio. Acredito que em algum momento, as pessoas que estão envolvidas na relação Brasil-China passarão a usar mais o WeChat. Questões formais, como contratos, ainda são feitas por e-mail. Mas em algum momento, creio que o app vai substituir as demais ferramentas. Isso na China já é uma realidade.”

— Daniel Lau, responsável pela China Desk da consultoria KPMG no Brasil.

A vida do usuário é rastreada 24h por dia. Seus hábitos de consumo, valores gastos com diferentes serviços, dados sobre os transportes utilizados, as distâncias percorridas, as calorias ingeridas e hábitos alimentares, tudo sendo digerido pelos papas do big data. A publicidade é constante e certeira: a Tencent faturou 1 bilhão de dólares com anúncios só no segundo trimestre de 2017.

Adeus, YouTubers!

Como no Brasil, os influenciadores digitais acabam se tornando garotos-propaganda para diversas marcas. Na China, saem os YouTubers e entram os perfis populares do WeChat.

Ashley Dudarenok, fundadora da agência digital Chozan e especialista em mídias sociais chinesas, lembra-se de um episódio recente bastante ilustrativo: para o lançamento chinês do Mini, um dos modelos de carro produzido pela BMW, foi feito um acordo de cooperação com a blogueira Becky’s Fantasy (黎贝卡的异想世界, WeChat ID: Miss_Shopping_li), que possui mais de 130 milhões de seguidores só no WeChat.

A ideia era vender cem Minis em edição promocional na cor azul caribe durante o lançamento. A blogueira simplesmente escreveu dois artigos –sobre o carro e sobre a cor–, encorajando seus seguidores a participarem de uma venda exclusiva e relâmpago do veículo com a pintura especial. O resultado? Becky vendeu os cem carros, avaliados em quase 30 milhões de yuans (5 milhões de dólares), em apenas quatro minutos. Os pagamentos estavam todos confirmados e finalizados dentro de 50 minutos.

Entenda: Como funciona o WeChat

Quando o aplicativo é aberto, a primeira tela visível é a de bate-papo, na qual estão reunidas conversas em grupo, conversas individuais, além das mensagens enviadas por canais de marcas e blogueiros assinados pelo usuário ou ativados automaticamente pela utilização de alguns serviços. Por aqui, chegam também as promoções e outra mania chinesa — os cupons de desconto. O layout é bastante semelhante ao do WhatsApp.

Página inicial exibe os últimos diálogos, reunindo grupos, conversas individuais e mensagens de páginas curtidas (WeChat/Reprodução)

Página inicial exibe os últimos diálogos, reunindo grupos, conversas individuais e mensagens de páginas curtidas (WeChat/Reprodução)

A segunda aba, no menu inferior, mostra a lista completa de contatos. A terceira, chamada de “Descobrir”, possui várias seções. A primeira armazena os Momentos, um feed de postagens suas e de seus contatos com textos, fotos e vídeos –um misto de Facebook, Twitter e Instagram–, mas com uma funcionalidade interessante: somente contatos em comum podem ver os comentários e as curtidas nas postagens alheias.

Em Momentos, os usuários compartilham fotos, vídeos, textos, notícias. Curtidas e comentários só são mostrados para contatos em comum​. (We Chat/Reprodução)

 

Nos momentos, os usuários compartilham fotos, vídeos, textos, notícias. Curtidas e comentários só são mostrados para contatos em comum​. (WeChat/Reprodução)

Na sequência, há o leitor de códigos QR. Ao habilitar sua conta, o usuário recebe um ID –uma identidade única– para o qual é gerado um código QR exclusivo. Quando duas pessoas se conhecem, é comum ouvir a pergunta: “Eu te escaneio ou você me escaneia?”. É possível adicionar um novo contato escaneando-se os códigos QR e os chineses acham esse método mais fácil do que digitar o nome de usuário.

Cada usuário tem um ID e um código QR únicos associados a sua conta. (WeChat/Reprodução)

Em seguida, duas funcionalidades são sucesso para quem paquera. Uma é divertida e aleatória: ao agitar o celular, o usuário recebe uma lista de quem está balançando o aparelho no mesmo momento, em qualquer lugar do mundo. Se gostar da foto, pode enviar uma mensagem. A outra é mais comportada e lembra o aplicativo Happn, captando quem está nas imediações. Chama-se “Olhar ao Redor”. 

Ainda dentre as opções da aba “Descobrir”, aparece uma seção de jogos (a Tencent é também uma gigante dos games):

Seção de jogos no WeChat. (WeChat/Reprodução)

Por fim, há a seção de mini-programas, uma plataforma de aplicativos separados por categoria, através dos quais se ofertam produtos e serviços.

Tela genérica das categorias de mini-aplicativos. (WeChat/Reprodução)

 

Tela genérica das categorias de mini-aplicativos. (WeChat/Reprodução)

 

Tela de confirmação de pagamento. (WeChat/Reprodução)

O McDonald’s, por exemplo, tem aí seu canal dedicado dentro da categoria “comida”, o mini-app da lanchonete permite escolher o cardápio, fazer o pagamento e definir se o pedido será retirado em uma loja ou se deve ser entregue na casa do cliente. 

Seção do McDonald’s chinês no WeChat. (WeChat/Reprodução)

A última aba do menu inferior principal contém o perfil do dono da conta, com opções de ajustes e preferências para personalizar o uso do WeChat. Por Janaína Silveira.

ACRE

‘Enem dos Concursos’: RBTrans não vai alterar início da circulação de ônibus no dia da prova na capital

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De acordo com o superintendente Clendes Vilas Boas, maioria dos candidatos deverá utilizar carros particulares, transporte por aplicativo e táxis. No Acre, portões abrem às 5h30, fecham às 6h30 e as provas iniciam às 7h com duas horas e meia de duração pela manhã.

RBTrans avaliou que horário de início da circulação não costuma ser alterado para outros concursos — Foto: Reprodução/Rede Amazônica Acre

Não haverá mudanças no início da circulação do transporte coletivo em Rio Branco no dia do Concurso Nacional Unificado (CNU), que ocorre no próximo domingo (18). Isto quem afirmou foi a Superintendência Municipal de Transportes e Trânsito (RBTrans), que complementou ainda que também não terá aumento da frota no horário, marcado para 5h.

No Acre, aproximadamente 17 mil pessoas devem fazer as provas. Seguindo o horário oficial de Brasília, em Rio Branco e Cruzeiro do Sul, únicas cidades acreanas onde o concurso será realizado, os portões dos locais das provas serão abertos às 5h30 e fechados às 6h30.

“Não vejo necessidade, até porque não justifica, nenhum outro concurso deu esse montante de pessoas utilizando o transporte público. Por exemplo, na prova da OAB, eles não utilizam ônibus, utilizam carro particular, Uber, táxi. Sempre foi assim. A gente até está preparado para isso, estamos com carros reservas destacados do terminal central, terminal do Ceasa, da Ufac para essas eventualidades. Por exemplo, se precisar reforçar pela quantidade de pessoas inscritas, a gente vai reforçar”, disse o superintendente Clendes Vilas Boas.

Ainda de acordo com a RBTrans, o aumento da frota só será realizado para a volta dos concurseiros que fizerem as provas pela manhã e para os candidatos que vão fazer o exame no período da tarde.

Neste caso, os portões dos locais de provas serão abertos às 11h e fechados ao meio-dia, pelo horário do Acre.

“Na volta, a pessoa está mais tranquila, está indo para casa, não tem aquela questão de cumprimento de horário, então a pessoa utiliza o transporte público. É mais em conta, os custos são baixos. E nós teremos, sim, reforço nos pontos destacados”, acrescentou Vilas Boas.

‘Enem dos Concursos’

Criado pelo governo federal em 2023, o Concurso Público Nacional Unificado (CNU) é, segundo o Ministério da Gestão e da Inovação, um modelo inovador para a seleção de servidores públicos. A partir de agora, as provas do exame, aplicadas de forma simultânea em todos os estados, serão o método utilizado para preencher os cargos públicos efetivos dos órgãos e das entidades da administração pública federal direta, autárquica e fundacional.

O objetivo é promover igualdade de oportunidades, padronizar procedimentos na aplicação das provas e priorizar as qualificações necessárias para o desempenho das atividades inerentes ao setor público.

Em todo o país são mais de dois milhões e 100 mil inscritos no concurso que vão concorrer a seis mil 640 vagas no setor público.

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ACRE

Mulher dá facada em namorado para se defender e bombeiros entram em área de difícil acesso para socorrê-lo no AC

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Polícia Civil informou que mulher deu facada no suspeito para se defender. Caso ocorreu no Seringal Novo Berlim, zona rural de Feijó, nesse domingo (21). Homem foi preso e liberado após pagar fiança.

Capa: Bombeiros percorreram 10 km de ramal para prestar primeiros socorros no suspeito — Foto Arquivo 9º Batalhão do Corpo de Bombeiros do Acre

Um homem, de 29 anos, levou uma facada na coxa esquerda após supostamente ter batido na namorada na tarde de domingo (21) na zona rural de Feijó, interior do Acre. Segundo a Polícia Civil, a mulher desferiu a facada em legítima defesa após apanhar do suspeito.

O suspeito teve uma hemorragia e precisou ser resgatado por bombeiros da cidade. A equipe de resgate percorreu dez quilômetros de ramal para chegar até o Seringal Novo Berlim, zona rural, para prestar os primeiros socorros e levar o homem para a cidade.

O resgate foi divulgado pelo 9º Batalhão do Corpo de Bombeiros nesta segunda-feira (22). O irmão do homem ligou para a Polícia Militar (PM-AC) para pedir socorro. Com ajuda da PM-AC e de quadriciclos, as equipes foram até o seringal e estancaram o sangramento.

Suspeito foi socorrido por bombeiros e levado para hospital de Feijó — Foto: Arquivo/9º Batalhão do Corpo de Bombeiros do Acre

Suspeito foi socorrido por bombeiros e levado para hospital de Feijó — Foto: Arquivo/9º Batalhão do Corpo de Bombeiros do Acre

O rapaz foi colocado em cima de um dos quadriciclos e levado para o Hospital Geral de Feijó. Após o atendimento médico, o homem foi preso por violência doméstica, pagou fiança e foi liberado.

A mulher foi ouvida e pediu medida protetiva contra o suspeito.

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BRASIL

Com 29%, região Norte tem o maior percentual de trabalhadores em regime de home office do país

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Levantamento encomendado por plataforma imobiliária aponta ainda que, se forem considerados trabalhadores em regime híbrido, percentual sobe para 33%.

capa: Norte também tem maior percentual de trabalhadores que mudariam de emprego se fossem obrigados a trabalhar presencialmente — Foto: Getty Images via BBC.

A expressão do idioma inglês home-office passou a fazer parte do vocabulário de muitos trabalhadores brasileiros especialmente durante a pandemia de Covid-19, quando foi preciso reduzir a aglomeração de pessoas em locais fechados. Com o fim da maior parte das restrições para evitar o contágio pela doença, a maioria voltou aos tradicionais escritórios para o trabalho presencial. A maioria, mas não todos.

Uma pesquisa apontou que Rio Branco, Belém, Boa Vista, Macapá, Manaus, Palmas e Porto Velho, capitais da região Norte, ainda têm 29% dos trabalhadores mantém exclusivamente o regime de trabalho remoto. O índice, segundo a pesquisa, é o maior do país.

O levantamento encomendado pela plataforma imobiliária QuintoAndar mostra ainda que, se considerados os trabalhadores que aderiram ao regime híbrido, o percentual sobe para 33%. Nesse esquema, os funcionários dividem os dias entre o trabalho presencial e remoto.

“Esse é o maior percentual entre as regiões. E mostra que, apesar de as empresas estarem optando por voltar paulatinamente ao presencial, há muito mais flexibilidade e mais compreensão por parte delas dessa nova dinâmica, onde a casa tem um novo significado”, ressalta o gerente de Dados do Grupo QuintoAndar, Thiago Reis.

Ainda segundo a pesquisa, 57% dos trabalhadores ouvidos são funcionários de empresas menores, com até nove funcionários. Segundo a plataforma, essas empresas costumam ter mais trabalhadores em regimes não presenciais.

159 pessoas foram ouvidas no Norte do país. Os números também mostram que a segunda-feira é o dia em que mais pessoas costumam trabalhar em casa na região: 32% dos entrevistados. Por outro lado, a quarta-feira é o dia em que mais pessoas vão ao escritório, com 51%.

Questionados sobre a hipótese de serem obrigados a trabalhar exclusivamente no regime presencial, 47% dos trabalhadores afirmam que procurariam outro emprego caso fossem, o que também é o maior percentual entre as regiões, segundo a pesquisa.

“As pessoas criaram toda uma rotina de trabalho em casa. Algumas acharam um cantinho novo, outras deram o famoso ‘jeitinho brasileiro’ para conseguir continuar no home office. E a maioria, agora, não quer deixar isso para trás“, finaliza Reis.

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