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Tilda Swinton enfrenta morte em filme de Pedro Almodóvar – 23/10/2024 – Ilustrada

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Tilda Swinton enfrenta morte em filme de Pedro Almodóvar - 23/10/2024 - Ilustrada

A morte está por todo lado, mas Pedro Almodóvar não consegue assimilá-la. Foi a direção de Tilda Swinton como Martha, sua personagem em “O Quarto Ao Lado”, que o fez conviver melhor com a ideia do fim, disse ele no Festival de Veneza, onde recebeu o Leão de Ouro, o prêmio máximo do evento, pelo longa-metragem.

Para Swinton, por outro lado, viver a protagonista foi como saborear um novo nascimento —artístico, no caso. “Senti como se fosse meu primeiro filme, como se eu tivesse 18 anos e nunca tivesse pisado em um set antes”, diz ela, recostada sobre um sofá e vestindo uma camiseta de corações. “Nunca trabalhei desse jeito antes. Almodóvar gosta de ensaiar por meses, para depois gravar muito rápido. Ele sabia o que queria, e quando conseguia, seguia em frente.”

O espanhol pediu que ela e Julianne Moore dessem às personagens um tom contido, até austero, para evitar o melodrama diante de uma narrativa já muito emotiva. Na trama, inspirada no livro “What Are You Going Through”, de Sigrid Nunez, Martha, uma correspondente de guerra, papel de Swinton, recebe o diagnóstico de câncer terminal.

Ao mesmo tempo, por uma coincidência, ela também se reaproxima de Ingrid, escritora renomada de ficção e apavorada pela morte, com quem teve uma forte amizade no passado. Martha não quer sofrer antes de morrer e faz um pedido incomum à amiga. Ela aluga uma casa em meio à natureza e pede que Ingrid fique hospedada no quarto ao lado, acompanhando-a em seus últimos dias —até que Martha tire a própria vida com um comprimido utilizado para eutanásia.

“Existem muitas maneiras de existir dentro de uma tragédia. Estive muitas vezes, na minha vida, na posição de Ingrid. A minha primeira Martha me ensinou a atitude de vivacidade absoluta em face à morte”, diz Swinton.

Ainda que as aflições de Martha tomem parte das conversas durante o retiro, a vida, mais do que a morte, é quem pauta a convivência das duas, que dividem lembranças, segredos e afeto. Assim como em “Dor e Glória”, Almodóvar volta a meditar sobre como o regresso de um velho amigo pode reavivar verdades há muito escondidas —tema que também atiça a curiosidade de Swinton.

“O que acho bonito no filme é a maneira como essas duas mulheres transferem a coragem uma para a outra”, diz. “Me interessam os laços antigos, aos quais podemos recorrer e que nos permitem viver mais facilmente. Fazer amigos é sempre um milagre, especialmente nesse momento da vida.”

Ainda que “O Quarto Ao Lado” tenha aquecido o debate em torno da eutanásia em Veneza, Swinton evita a palavra. “Para mim, o filme é mais sobre morrer com dignidade. Martha foi autodeterminada e independente durante toda sua vida e não tem interesse em sentir pena de si mesma. É extremamente importante que ela tenha controle sobre sua vida, inclusive no momento em que a abandona.”

Como era esperado para um filme de Almodóvar, o tema da maternidade volta a ser explorado —desta vez, pelo distanciamento entre Martha e sua filha. A praticidade da protagonista é posta à prova quando ela é forçada a reconsiderar escolhas de seu passado envolvendo a criação da menina, desde não falar sobre o pai, que ela considera um fraco, até a criação fria devido às viagens constantes a trabalho. “Vivi como um homem”, confessa Martha, em certo momento, ao se referir à priorização de sua carreira, sem remorsos.

A personagem, que tensiona discretamente as limitações e divisões entre os gêneros, parece cair como uma luva à atriz, que evoca uma imagem andrógina —eternizada em sua interpretação de “Orlando”, clássico de Virginia Woolf levado para as telonas em 1992.



A falta de fluidez de gênero é que me confunde. A ideia de não ter licença para assumir e experimentar qualquer forma, narrativa ou identidade. Essa é uma das honras da arte performática. Isso para mim é liberdade.

Com 30 anos de uma carreira trilhada especialmente no cinema independente, Swinton se considera uma turista em Hollywood, onde ficou conhecida pelos papéis inesperados e, por vezes, excêntricos. É o caso de “Precisamos Falar Sobre Kevin”, thriller em que ela vive a mãe de um aluno responsável por um massacre escolar, ou “Amantes Eternos”, em que é uma vampira punk.

O visual um tanto onírico a levou a marcar uma geração como a Feiticeira Branca, nas adaptações para o cinema de “As Crônicas de Nárnia”, e a se tornar a queridinha do diretor Wes Anderson, conhecido por trabalhar personagens socialmente deslocados em cenários extravagantes. “Depois de adultos, os atores se esquecem [da fluidez] para se apegarem a alguma identidade. Eu não sou uma atriz de verdade, então nunca me apeguei a nenhuma identidade específica”, brinca.

Uma pitada de áurea fantástica, que ela aprecia, está também em “O Quarto Ao Lado” —não só no tom rosado da neve que cai fora da casa de Ingrid e Martha ou nas cores vibrantes que aquecem o enredo, mas também na condução que Almodóvar faz do inglês.

“Ele não está ouvindo a língua, mas sua sonoridade. Ele nos pedia para repetir as falas nos ensaios para entender sua musicalidade. Falei com atores que ele dirigiu em espanhol, e ele fazia o mesmo”, diz Swinton. “O espanhol é um pouco exagerado, um pouco elevado. Não é realismo. E Almodóvar não está interessado no naturalismo, mas nesse leve conto de fadas.”

O encanto sutil suaviza o pragmatismo de Martha, endurecida pela cobertura de guerras. Para fazer a personagem, Swinton diz ter se inspirado nas memórias da repórter Martha Gellhorn, considerada uma das maiores correspondentes de guerra do século passado. “O verdadeiro tema do filme, para mim, é testemunhar. É sobre não desviar o olhar”, diz.

Martha pede que Ingrid não deixe que seu temor da morte a impeça de acompanhá-la em seus últimos dias. Ao mesmo tempo, a condição de Martha provoca em Ingrid uma reflexão sobre a vida possível em um mundo à beira de um colapso climático, pautado pelo consumismo e pela violência.

“Martha não desviou o olhar em sua vida. Ela foi testemunha como correspondente de guerra. É um conto de fadas sobre duas mulheres, mas também sobre todos estarmos no quarto ao lado de todos nós, o tempo todo”, diz Swinton. “Estamos no quarto ao lado de Gaza. Estamos no quarto ao lado da Síria, de Beirute, do Iêmen e dos Estados Unidos. É importante que nos lembremos disso, para que não desviemos o olhar, da vida dos outros, muito menos de suas resistências e dores.”

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Tiro da escola na Suécia: a polícia alerta o ‘perigo não’ depois de cinco pessoas filmadas no ataque em Örebro – atualizações mais recentes | Suécia

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Tiro da escola na Suécia: a polícia alerta o 'perigo não' depois de cinco pessoas filmadas no ataque em Örebro - atualizações mais recentes | Suécia

Jakub Krupa

Polícia sueca respondendo a um ataque armado em uma escola sueca

sueco A polícia está respondendo a um ataque armado em uma escola na cidade de Örebro, cerca de 200 km a oeste de Estocolmo, com Pelo menos cinco pessoas afetadas.

Eventos -chave

O que sabemos até agora

  • Cinco pessoas foram feridas, com quatro exigindo hospitalização, após um ataque a um campus de educação em Örebro, Suécia, 200 km de Estocolmo

  • O ministro da Justiça do país chamou a situação de “muito sério”

  • Conferência de imprensa da polícia esperada às 15:30, horário local (14:30 GMT)

Quatro pessoas em hospitais, dizem as autoridades locais

Autoridades locais do País Örebro dizer em comunicado Que quatro pessoas foram admitidas em hospitais na área após o ataque.

A idade ou extensão de suas lesões não são conhecidas atualmente.

Conferência de imprensa às 3h30, horário local

A polícia sueca sediará uma conferência de imprensa sobre o ataque às 15:30, horário local (14:30 GMT).

O líder do partido esquerdo Nooniogstar Tweeted dizendo que seus pensamentos estão com os afetados e enfatizando que o país precisa “encontrar a saída” da violência.

Alcançado pelas terríveis notícias de Örebro. Meu coração está com os afetados, com professores, alunos e funcionários da Blue Light. A violência que nosso país passa é um abismo que devemos olhar juntos.

– Nohyhii People (@addogstarooshi) 4 de fevereiro de 2025

Teresa Carvalho, of the Social -democratastambém expressou sentimento semelhante.

Segue com horror o que acontece em Örebro. Pensando em todos afetados e preocupados com parentes.

— Teresa Carvalho (@TeresaCarvalho) 4 de fevereiro de 2025

Hospitais locais aumentando sua resposta

Mídia sueca estão relatando que o hospital local está intensificando suas operações de emergência em antecipação a ter que lidar com as pessoas afetadas pelo ataque.

A polícia alerta o ‘perigo não supere’ e exorta as pessoas a ficarem longe

A última atualização da polícia enfatiza que o perigo “não acabou” e diz às pessoas para ficarem longe da área de Vasthaga na cidade de Örebro.

“Situação muito séria”, diz a Ministra da Justiça Sueca

Ministro da Justiça Sueco Gunnar Strömmer Disse à SVT Örebro Que a situação era “muito séria” e a resposta ao incidente ainda estava em andamento.

O governo sueco permanece em contato próximo com as autoridades, disse ele.

Polícia sueca respondendo a um ataque armado em uma escola sueca

sueco A polícia está respondendo a um ataque armado em uma escola na cidade de Örebro, cerca de 200 km a oeste de Estocolmo, com Pelo menos cinco pessoas afetadas.

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Leia Mais: The Guardian

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Cinco pessoas filmadas na escola no minério da Suécia | Notícias

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Cinco pessoas filmadas na escola no minério da Suécia | Notícias

A polícia disse que cinco pessoas foram baleadas em uma escola na Suécia.

A Agência de Notícias da Associated Press informou que o ataque ocorreu em um centro de educação de adultos na cidade de Orebro. O campus onde o centro está localizado também abriga várias outras escolas, incluindo aquelas com crianças presentes.

A extensão dos ferimentos não foi imediatamente clara, segundo a polícia.

“Isso é visto atualmente como uma tentativa de assassinato, incêndio criminoso e ofensa de armas agravadas”, disse a polícia.

Uma grande resposta de emergência estava no local, com a polícia dizendo que os alunos no campus estavam sendo mantidos em ambientes fechados.

O ministro da Justiça da Suécia, Gunnar Strommer, disse à emissora pública SVT que o governo estava em contato próximo com as autoridades.

“As notícias de um ataque em Orebro são muito sérias”, disse Strommer.

O centro está localizado a 200 km (125 milhas) a oeste de Estocolmo.

Mais por vir …



Leia Mais: Aljazeera

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2 soldados israelenses mortos no ponto de verificação – DW – 04/04/2025

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2 soldados israelenses mortos no ponto de verificação - DW - 04/04/2025

Dois soldados israelenses foram mortos e vários outros feridos em um tiro no posto de controle de Tayasir no Cisjordras Ocidentais Ocupadas,As Forças de Defesa de Israel (IDF) disseram em comunicado.

A IDF disse que suas tropas mataram um atirador que abriu fogo em um posto militar ao lado do posto de controle de Tayasir.

Pelo menos oito soldados ficaram feridos no ataque, dois deles seriamente, dizem a mídia israelense.

O grupo militante Hamas e o menor grupo militante da jihad islâmica elogiaram o ataque, mas nenhum deles assumiu a responsabilidade por ele.

Surto na violência da Cisjordânia desde o cessar -fogo de Gaza

Israel Realizou uma extensa operação na vizinha Jenin, na Cisjordânia ocupada nas últimas semanas, para reprimir o que Israel disse ser uma atividade militante na cidade.

O exército israelense disse no domingo que matou pelo menos 50 militantes desde Lançou sua operação em 21 de janeirologo após o início do Gaza cessar -fogo em 19 de janeiro.

O Ministério da Saúde Palestina em Ramallah disse que as forças israelenses matam 70 pessoas no território desde o início do ano.

Grandes partes do acampamento de refugiados de Jenin destruídos

A operação israelense também viu tropas nivelando edifícios em um campo de refugiados adjacentes a Jenin.

Na terça -feira, a agência da ONU para refugiados palestinos (UNRWA) disse que o campo de refugiados de Jenin enfrentou dizimação.

“O acampamento está entrando em uma direção catastrófica”, disse o porta -voz da UNRWA, Juliette Touma, a repórteres em Genebra, dizendo que grandes partes do campo haviam sido “completamente destruídas em uma série de detonações pelas forças israelenses”.

Editado por: Roshni Majumdar



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