A colunista e editora de opinião do The Washington Post, Ruth Marcus, pediu demissão nesta segunda-feira (10) após o jornal americano não publicar um texto em que ela criticava as novas orientações para as páginas editoriais. No mês passado, o dono da publicação, o bilionário Jeff Bezos, afirmou que o foco da seção será a defesa de “liberdades individuais e mercados livres”.
Ruth anunciou sua saída em email enviado a colegas e obtido pelo jornal The New York Times. “Estou tomando essa atitude após a decisão de Will Lewis [presidente-executivo da publicação] de barrar uma coluna em que eu manifestava preocupação com as novas instruções.”
Ainda segundo o New York Times, Ruth anexou no email uma mensagem direcionada a Bezos e Lewis na qual dizia que as mudanças “ameaçam quebrar a confiança dos leitores de que os colunistas estão escrevendo o que acreditam, não o que o proprietário considera aceitável”.
“A decisão de Will de não publicar a coluna que eu escrevi, discordando respeitosamente do decreto de Bezos, algo que não experimentei em quase duas décadas escrevendo colunas, ressalta que a liberdade tradicional dos colunistas de selecionar os assuntos que desejam abordar e dizer o que pensam foi perigosamente corroída”, escreveu ela.
Olivia Petersen, porta-voz do Washington Post, disse em comunicado que o jornal é grato pelas contribuições feitas por Ruth, uma das profissionais mais experientes do jornal. Procurada pelo New York Times, a colunista não quis comentar.
A mudança anunciada por Bezos no mês passado parece ser uma guinada para a direita. O novo foco do bilionário ecoa o que há muito tempo tem sido o slogan informal das páginas de opinião conservadoras de outro jornal, o The Wall Street Journal: “Mercados livres, pessoas livres”.
Na ocasião da mudança, Lewis, o presidente-executivo, disse em memorando para a sua equipe que as mudanças na seção de opinião não dizem respeito a “apoiar qualquer partido político”. “Trata-se de ser absolutamente claro sobre o que defendemos como jornal”, escreveu. “Fazer isso é uma parte crítica de servir como uma publicação de notícias de primeira linha em todo os EUA e para todos os americanos.”
O jornalista David Shipley, que atuava como editor de opinião, já havia pedido demissão logo após o anúncio das novas diretrizes.
Casos semelhantes ocorreram nos últimos meses. Em janeiro, a cartunista Ann Telnaes também se demitiu após o jornal não publicar uma charge sua em que retratava Bezos se ajoelhando e oferecendo um saco de dinheiro ao presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump.
Na corrida presidencial, a publicação optou por não apoiar candidatos à Presidência dos EUA, numa decisão que rompeu com décadas de tradição na qual a publicação escolhia um presidenciável para endossar. A decisão foi atacada por leitores críticos a Trump.
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