rprangel2004@gmail.com (Ricardo Rangel)
A última pesquisa eleitoral da Quaest indica que Lula lidera em qualquer cenário.
Ao contrário do que muitos querem fazer crer, no entanto, a pesquisa não traz boa notícia para Lula. Muito ao contrário.
Lula é o político mais importante e mais bem sucedido da história do Brasil. Além disso é o presidente atual (e o incumbente é sempre o favorito). Ou seja: estar na frente é sua obrigação. O que interessa é em que condições ele está na frente.
Desde que foi eleito pela primeira, nunca as intenções de voto de Lula foram tão ruins.
A queda nas intenções de voto confirma a queda da popularidade do presidente, indicada por outras pesquisas.
Mesmo sem Bolsonaro no pleito, a soma das intenções de voto da direita é bem maior do que a de Lula (42% a 30%).
No segundo turno, Lula vence seus adversários mais fortes (Tarcísio, Marçal e Gusttavo Lima) por no máximo 10%. São todos novatos na política, nenhum nunca foi candidato a presidente. E a campanha ainda não começou.
Eleições no mundo todo indicam que a vantagem de ser o incumbente vem caindo.
Lula perde em quase todas as faixas: só ganha entre os muito pobres e os que têm apenas o ensino fundamental.
O país está crescendo e o desemprego está no menor patamar já visto, mas a uma taxa de juro em 13,25% (que deve subir para 14,25% no mês que vem), não se sabe até quando isso continuará.
Mesmo com o juro nas alturas, a inflação continua a subir. E a inflação dos alimentos — a que mais castiga os pobres, que são a base eleitoral do presidente — está em quase 8%.
Apesar das condições econômicas preocupantes, Lula se recusa a cortar custos. E ainda tem a empáfia de cobrar das donas de casa que economizem (como se elas não fizessem isso todos os dias) para combater a inflação — tarefa que é do governo, não delas.
Não é apenas na economia que o governo está atordoado: faltam unidade, clareza de propósitos e projetos em praticamente todas as áreas da administração. Lula acredita, no entanto, que basta melhorar a comunicação para que tudo se ajeite.
Como se tudo isso fosse pouco, a relação com o Congresso é de sofrível para ruim.
Para vencer em 2026, Lula não pode depender apenas de Sidônio Palmeira.
(Por Ricardo Rangel em 07/02/2025)