O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, mal havia chegado a dois minutos de seu discurso para ao Congresso, na noite de terça-feira (4), quando o deputado Al Green, democrata do Texas, levantou-se para protestar, interrompendo a sessão em uma manifestação que acabou fazendo com que ele fosse expulso do plenário da Câmara.
Enquanto Trump elogiava suas próprias ações durante suas primeiras semanas no cargo e se gabava do seu sucesso eleitoral em novembro, Green, 77, levantou-se de seu assento, balançou sua bengala e começou a gritar.
“Você não tem mandato para cortar o Medicaid [seguro de saúde público dos EUA para pessoas de baixa renda]!” gritou Green, que frequentemente cria dores de cabeça para os democratas ao se desviar das ordens do partido.
Quase imediatamente, ele foi abafado pelos gritos de colegas republicanos enfurecidos: “EUA! EUA!”, gritaram e aplaudiram. Também houve gritos para que Green se sentasse.
Duas vezes, o presidente da Câmara, Mike Johnson, interrompeu o discurso do presidente, bateu com o martelo e avisou Green que, se ele não se sentasse, seria removido do plenário.
“Sr. Green, tome seu assento, senhor,” disse Johnson, enquanto Green permanecia de pé, de forma desafiadora, recusando-se a sentar.
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Atrás de Trump, o vice-presidente, J. D. Vance, fez um gesto com o polegar indicando que ele deveria ser removido, enquanto os membros do Partido Republicano vaiavam. Logo, Johnson leu um pedaço de papel à sua frente, tornando a expulsão oficial.
“Constatando que os membros continuam a se engajar em uma perturbação deliberada da boa ordem, a presidência agora orienta o sargento de armas a restaurar a ordem,” disse Johnson, provocando aplausos estrondosos dos republicanos. “Removam este senhor do plenário!” declarou, batendo com o martelo.
A interrupção de Green não foi a primeira vez que um legislador da oposição interrompeu o discurso de um presidente no Congresso. As deputadas republicanas Marjorie Taylor Greene, da Geórgia, e Lauren Boebert, do Colorado, interromperam repetidamente o discurso do ex-presidente Joe Biden sobre o Estado da União em 2022, gritando frases como “construam aquele muro” quando ele falou sobre a segurança da fronteira sul. Nenhuma delas, no entanto, foi expulsa do plenário.
O deputado Joe Wilson, republicano da Carolina do Sul, ficou famoso ao gritar “Você mente!” para o ex-presidente Barack Obama durante o discurso de 2009 ao Congresso, quando o então presidente disse que a Lei de Cuidados Acessíveis não cobriria imigrantes no país ilegalmente.
No caso de Green, ele não estava apenas desafiando o presidente, mas também desobedecendo os apelos dos líderes democratas do Congresso para que todos assistissem ao discurso de Trump e se abstivessem de interrupções. O espetáculo de um septuagenário hostilizando o presidente enquanto balança sua bengala não foi ideal para os democratas, que lutaram para encontrar uma mensagem e um porta-voz atraentes para se opor a Trump.
Ainda assim, após ser expulso, Green disse a repórteres no Capitólio que seu protesto “valeu a pena para deixar as pessoas saberem que há algumas pessoas que vão se levantar” contra o presidente.
Green é conhecido no Capitólio, em parte, por desafiar repetidamente os líderes de seu partido para pressionar pelo impeachment de Trump durante seu primeiro mandato, muito antes que seus colegas democratas decidissem fazer o mesmo. Ele fez isso três vezes, começando no primeiro ano de Trump no cargo —falhou em todas.
Embora Green seja frequentemente uma fonte de frustração para seu partido, ele também salvou os democratas em uma ocasião no ano passado, quando apareceu no plenário da Câmara com roupas de hospital para derrubar a primeira tentativa republicana de impeachment do então secretário de Segurança Interna, Alejandro Mayorkas.