NOSSAS REDES

MUNDO

Vídeo e fotos: Putin acelera guerra e obras na Ucrânia – 10/11/2024 – Mundo

PUBLICADO

em

Vídeo e fotos: Putin acelera guerra e obras na Ucrânia - 10/11/2024 - Mundo

Igor Gielow

A Rússia está acelerando o passo de sua guerra contra a Ucrânia, avançando de forma não vista desde que invadiu o país vizinho, em 2022. Ao mesmo tempo, cristaliza sua presença civil e militar nas quatro regiões que anexou, consolidando ganhos ao expandir obras.

A Folha testemunhou esse processo durante uma visita de sete dias a três das áreas que Vladimir Putin incorporou à Federação Russa —Donetsk, Zaporíjia e Kherson—, e à Crimeia, anexada em 2014 após a derrubada de um governo pró-Moscou em Kiev.

O raro acesso dado a um jornalista ocidental permitiu um vislumbre das nuances da presença russa, que é qualificada como ilegal pela ONU —uma posição esposada pelo Brasil, que de resto descarta as sanções contra Moscou.

Sem pretensão de amostragem científica, a reportagem pôde ver gradações diferentes da presença do Estado russo e a reação de moradores, militares e autoridades locais à nova realidade que se desenha, enquanto aumenta a expectativa por negociações entre Ucrânia e Moscou com a chegada de Donald Trump à Casa Branca, em janeiro.

A máquina de guerra russa é o que mais impressiona. Nos 1.200 km que separam Moscou de Donetsk, a capital da província homônima e principal cidade da região, já é possível ver intensa movimentação de comboios militares na rodovia M-4 a partir da área de Voronej.

Em Rostov, ao lado de Donetsk, os caminhões verdes com a insígnia Z, símbolo da invasão, estão por todo lado, e nas regiões ocupadas, veículos militares superam os civis nas estradas, dia e noite.

O ritmo acompanha os ganhos de Putin, que avançou dezenas de quilômetros em Donetsk, afastando a linha de frente da capital pela primeira vez desde 2014, quando ela foi tomada por separatistas pró-Moscou. Agora suas forças começam a cercar o centro logístico de Pokrovsk, ameaçando implodir a defesa de Kiev na província.

O marco dessa virada foi a tomada de Avdiivka, periferia de Donetsk, em fevereiro. “A frente de batalha mais próxima ficava a 2 km daqui. Agora, está a 20 km”, diz a representante da chancelaria russa na região, Natalia Mikhailova.

As explosões ainda são constantes, mas remetem à defesa antiaérea, e não ao bombardeio ucraniano com artilharia. Quando a reportagem esteve perto da frente, a propalada dominância russa em disparos de obuses era amplamente perceptível: tudo tremia de forma sincopada.

Na semana passada, o chefe militar ucraniano, Oleksander Sirskii, disse que suas forças estavam sob o maior fogo desde que os tanques de Putin invadiram o país em 24 de fevereiro de 2022. O governo de Volodimir Zelenski acusa os russos de fazerem uso não só de munição dos aliados da Coreia do Norte, mas também de tropas da ditadura, o que o Kremlin não confirma, nem nega.

A esse avanço sobrepõe-se o estabelecimento da infraestrutura civil nas regiões anexadas, que desde 2023 tem 1 trilhão de rublos (quase R$ 60 bilhões) alocados no Orçamento russo. Segundo dados de julho deste ano, já foram construídos ou reparados 11.262 edifícios, de casas destruídas a novas escolas.

Putin anunciou que 3.000 km de estradas foram reparados, e 500 agências bancárias, abertas —a maioria do onipresente PSB, um banco ligado a militares de Moscou, o que sugere direcionamento de novos negócios.

O processo é imperfeito: até portadores de cartões de crédito russo têm dificuldade de vê-los funcionando nas áreas anexadas, e o mesmo ocorre com celulares de moscovitas em visita. Para chips estrangeiros, só Wi-Fi.

Essa consolidação russa também varia pelo território ocupado, e é mais intensa quão mais ao leste se vai, seguindo o padrão da anexação: cerca de 30% da área incorporada ao todo não está sob controle russo.

Donetsk é parte do Donbass, a bacia do rio Don em russo, ao lado de Lugansk. Ambas as regiões sempre foram russófonas e estão na origem do conflito atual, ainda que o único censo feito pela Ucrânia, em 2001, tenha apontado que 40% da população era russa étnica.

O tema é contencioso, pois a estrutura demográfica mudou muito de lá para cá e, com a guerra civil que estourou em 2014, tudo ficou bagunçado. Russos falam em domínio histórico da região e criticam a “ucrainização” dos anos soviéticos; Kiev acusa Moscou de limpeza étnica.

Em Mariupol, cidade vital no caminho entre Donbass e Crimeia cujo cerco virou um documentário oscarizado neste ano, o contraste é mais evidente. Putin transformou a cidade, que foi 80% destruída, numa vitrine da reconstrução proposta para o pós-guerra.

A demografia aqui é confusa. O governo estima que, dos 500 mil moradores de antes da invasão, 300 mil estejam na cidade. Boa parte deles, contudo, veio de outras regiões, dada abundância de emprego, e muitos deles são ucranianos étnicos.

“Só fica sem trabalhar aqui quem quer”, diz Mikhail Glebov, conselheiro da chancelaria russa na região. O Serviço Federal de Estatística diz que 100 mil pessoas deixaram em 2023 as regiões anexadas, presumivelmente ucranianos que conseguiram ir para as áreas sob controle de Kiev. Mas o número de quem chegou é incerto.

Ao todo, estima-se que as regiões tenham hoje algo como 3,2 milhões de habitantes, ante 6,7 milhões de antes da guerra. Já a Crimeia, mais integrada à Rússia, tem 1,9 milhão de moradores.

Nas ruas anexadas, de todo modo, há zero dúvidas sobre quem está em comando na região de Donetsk. O mesmo não se vê quanto mais a oeste se vai, contudo. Em Kherson, a maior militarização do cotidiano, com pontos fixos de presença de soldados, aponta um clima de ocupação mais perceptível.

Lá, placas de lojas e de automóveis em ucraniano ainda são comuns, algo inexistente em Donetsk e parcialmente visível em Zaporíjia. O aspecto da infraestrutura também é bem mais degradado, com estradas em pior condição, por exemplo.

Além disso, a resistência à presença russa é maior. “Temos de distribuir mantimentos com ajuda do Exército”, relata a voluntária Olga Iavorskaia, à frente de um centro em Guenitchesk, cidadezinha portuária transformada em centro administrativo de Moscou da região depois que a Ucrânia retomou Kherson, a capital homônima, no fim de 2022.

Em todos os locais, há problemas decorrentes da destruição de sistemas energéticos e de distribuição de água. O Kremlin tem trabalhado para resolver isso com a construção de novos canais, mas Mikhailova diz que tudo só será resolvido com a conquista dos 40% restantes de Donetsk.

O cenário, por óbvio nebuloso no geral, mostra o enraizamento das estruturas russas. Do 1 trilhão de rublos para obras, parte significativa é secreta, indicando investimento em infraestrutura de defesa —os chamados dentes de dragão, triângulos de concreto que impedem a passagem de blindados, estão em todo lugar.

Tudo isso já vinha em curso antes do terremoto geopolítico da eleição de Trump. Visto com moderado otimismo pelos russos, o republicano já disse que quer acabar com a guerra assim que possível, o que supõe forçar Kiev a negociar.

Resta combinar com os russos, que estão com a mão mais alta nesta rodada da guerra. Putin e seus lugares-tenentes já disseram que qualquer conversa passa pela realidade em solo, e está claro que a Rússia trabalha para deixá-la mais próxima de seu desígnio.





Leia Mais: Folha

Advertisement
Comentários

You must be logged in to post a comment Login

Comente aqui

MUNDO

Homem da Califórnia é preso após subir no teto do hospital e ficar preso | Califórnia

PUBLICADO

em

Homem da Califórnia é preso após subir no teto do hospital e ficar preso | Califórnia

Guardian staff

Um paciente que se acredita estar sob a influência de drogas causou o caos em um Califórnia hospital quando subiu no teto de um pronto-socorro, ficou preso e teve que ser libertado pelos bombeiros.

Os tempos latinos relatado que o homem não identificado era um paciente que entrou no hospital regional de San Antonio em Upland e foi visto pela última vez em imagens de vigilância entrando em um banheiro.

“Assim que os policiais chegaram lá, confirmamos pelas imagens de vigilância que o sujeito foi visto entrando no banheiro e nunca mais saindo”, disse a polícia de Upland em comunicado. postado em Xanteriormente conhecido como Twitter.

A polícia descobriu que ele havia quebrado as telhas do teto, se espremido no espaço acima deles e estava localizado em algum lugar acima do pronto-socorro.

“Devido ao espaço extremamente confinado, labirinto de fios, encanamentos, linhas de HVAC, etc., os policiais tiveram que usar uma câmera de poste para olhar para o teto. Em poucos instantes, o sujeito foi localizado em cima de uma grande unidade HVAC e preso sob uma viga de aço em completa escuridão”, disse a polícia.

Os bombeiros foram chamados depois que o homem admitiu que estava firmemente preso no lugar e não conseguia se libertar. A retirada do homem levou uma hora e causou US$ 5.000 em danos.

A equipe do hospital teria conseguido contornar o incidente e não houve interrupção dos serviços de emergência. O homem foi preso por crime de vandalismo.



Leia Mais: The Guardian



Continue lendo

MUNDO

Partido Pastef, no poder no Senegal, garante ampla maioria no parlamento | Notícias Eleitorais

PUBLICADO

em

Partido Pastef, no poder no Senegal, garante ampla maioria no parlamento | Notícias Eleitorais

Win concede ao Presidente Bassirou Diomaye Faye um mandato claro para realizar reformas ambiciosas.

O partido Pastef, no poder no Senegal, obteve uma vitória retumbante nas eleições legislativas, garantindo 130 dos 165 assentos no parlamento, de acordo com resultados provisórios.

A vitória confere ao recém-eleito Presidente Bassirou Diomaye Faye um mandato claro para levar a cabo as reformas ambiciosas prometidas durante a campanha. Incluem o combate à corrupção, a renovação da indústria pesqueira e a maximização dos benefícios dos recursos naturais.

Depois que os resultados foram lidos pela comissão nacional de contagem de votos na quinta-feira, o representante do Pastef, Amadou Ba, disse aos repórteres que a maioria representava um voto de confiança que deveria encorajar os apoiadores internacionais do Senegal.

“É muito importante, não só em termos de legitimidade das novas autoridades, mas também em relação aos nossos parceiros técnicos e financeiros, que eles saibam que há um povo que está por trás deste novo governo”, disse Ba em comentários transmitidos pela televisão estatal.

“Acredito que isto apenas irá acelerar o processo de reformas estruturais na nossa economia e na nossa sociedade.”

A principal coligação da oposição, liderada pelo ex-presidente Macky Sall, conquistou 16 assentos. Sall parabenizou Pastef em uma postagem no X no dia das eleições, e dois outros grandes líderes da oposição admitiram a derrota horas após o fechamento das urnas no domingo.

Ousmane Sonko, o primeiro-ministro altamente carismático de Pastef, é considerado o mentor da vitória esmagadora legislativa.

Sonko chegou ao poder com Faye em março, após uma vitória esmagadora. Ele disse que um parlamento liderado pela oposição prejudicou o poder do seu governo nos primeiros meses após as eleições e decidiu dissolver o parlamento em 12 de setembro e convocar eleições antecipadas.

Faye e Sonko prometeram diversificar as parcerias políticas e económicas, rever os contratos de hidrocarbonetos e de pesca e restabelecer a soberania do Senegal, que, segundo eles, foi vendida no estrangeiro.



Leia Mais: Aljazeera

Continue lendo

MUNDO

Em Toulouse, estudantes questionam o futuro da agricultura

PUBLICADO

em

Em Toulouse, estudantes questionam o futuro da agricultura

François Purseigle, durante a 6ª Conferência sobre Agricultura e Alimentação, em Laval, 13 de outubro de 2022.

Um anfiteatro lotado e perguntas voando por aí. Na sala de aula Agro Toulouse, nas instalações do Instituto Politécnico Nacional de Auzeville (Haute-Garonne), são alunos de uma escola secundária agrícola, BTS ou escola de engenharia. Enfrentando-os, Jérôme Bayle, líder da revolta agrícola de Haut-Garonne no início de 2024, Christophe Rieunau, da Federação Departamental dos Sindicatos de Agricultores de Tarn, e Christelle Record, criadora de bezerros em Ariège.

Leia também | Artigo reservado para nossos assinantes Agricultores irritados: Jérôme Bayle, figura principal do protesto

Elodie (que não se identificou, como os outros alunos), no primeiro ano de engenharia, filha de um agricultor do Béarn, questiona-se sobre “o futuro da PAC (política agrícola comum) e a harmonização de padrões na Europa e na França ». Lou, 21 anos, está preocupado com o “saúde psicológica dos agricultores” : “Minha mãe está em dificuldade, ela está muito frágil. » Coline, do quinto ano da Escola de Engenharia Purpan, gostaria de saber “o impacto das lutas atuais no público em geral, nos cidadãos ou nas autoridades eleitas”. Diante deles, Jérôme Bayle lembra que foi a doença hemorrágica epizoótica, que atinge o gado, que começou tudo em 18 de janeiro de 2024, com os impostos sobre o diesel.

Depois de explicar seu cotidiano, suas dificuldades, suas “atualmente farto” além disso, os três criadores, também ativistas, responderam perguntas durante quase duas horas.

Muito ouvido, um pouco apressado

“Em fevereiro, coloquei minha fazenda em risco, para não danificarmos nada, para sairmos orgulhosos e dignos”por sua vez, lembrou Jérôme Bayle. Filho de agricultor, seu pai se matou em 2015. Para o criador do Tarn, nesta profissão, “muitas vezes estamos sozinhos e (O) entes queridos nem sempre veem (deles) sofrimento “. François Purseigle, professor da Agro Toulouse, dá as boas-vindas a uma noite “onde percebemos que estes jovens estão obviamente muito preocupados, é o seu futuro que está em jogo neste momento”.

Muito ouvidos, um pouco empurrados também, estes representantes do mundo da criação, a maioria na Occitânia. Camille, professora de zootecnia, confidencia: “Ficamos decepcionados com os últimos movimentos e greves, ficamos bastante surpresos por não ouvirmos falar de agroecologia e apenas de pecuária. » Victor, 20 anos, se pergunta: “Por que aceitamos que o presidente da FNSEA (Federação Nacional dos Sindicatos dos Agricultores, Arnaud Rousseau) também é representante do grupo (agroalimentar) Avril? »

Você ainda tem 15,41% deste artigo para ler. O restante é reservado aos assinantes.



Leia Mais: Le Monde

Continue lendo

MAIS LIDAS