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Acre celebra 121 anos do Tratado de Petrópolis como marco de luta, memória e identidade na história do estado

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5 meses atrásem
Samuel Bryan
Em 17 de novembro de 1903 o Brasil ganhava um território que sonhava ser brasileiro, que lutou por sua soberania e que se tornaria um dos maiores símbolos de resistência nacional: o Acre. Celebrando 121 anos do Tratado de Petrópolis, o governo do Estado do Acre resgata com orgulho e emoção a trajetória de um povo que, contra todas as adversidades, conquistou o direito de ser parte da nação brasileira.

Assinado entre o Brasil e a Bolívia, o Tratado de Petrópolis selou o fim de disputas territoriais e trouxe para o Brasil uma região rica em recursos naturais e valores culturais únicos. Em meio à floresta amazônica – onde o seringalismo impulsionava a economia e despertava interesse internacional – brasileiros migrantes e seringueiros estabeleceram-se em terras oficialmente bolivianas. Essa ocupação não foi fácil nem sem embates: os acreanos, guiados por líderes como Plácido de Castro, protagonizaram a Revolução Acreana e insistiram em ser reconhecidos como brasileiros.
Com a mediação habilidosa do Barão do Rio Branco, o Tratado de Petrópolis garantiu que esse desejo se tornasse realidade, consolidando o Acre como parte do território nacional.

Para o governador Gladson Cameli, lembrar essa história é essencial, não apenas por suas conquistas, mas também pelo compromisso de preservar a memória cultural e histórica para as gerações presentes e futuras.
“O Acre lutou para ser brasileiro e, hoje, nosso dever é contar essa história, manter viva a nossa identidade e honrar a coragem dos nossos antepassados”, declarou Cameli.

Museus, memória e cultura fortalecem legado da história acreana
Nos últimos anos, o governo do Estado empreendeu esforços para revitalizar os espaços que narram toda a história acreana, contribuindo para o fortalecimento do patrimônio cultural e histórico do estado. O Museu da Borracha, fundado em 1978 e situado no Centro de Rio Branco, é um dos principais símbolos dessa memória.
Com nove salas que remontam a momentos históricos da Revolução Acreana e dos ciclos da borracha, o museu foi revitalizado e, hoje, se apresenta como um ponto de encontro para o povo acreano, onde memórias e objetos da história são preservados e exibidos ao público.

“Este museu conta uma parte muito importante da nossa formação histórica, e as portas estão abertas para receber a população e visitantes”, afirma Minoru Kinpara, presidente da Fundação de Cultura e Comunicação Elias Mansour (FEM).
Outro local emblemático é o Memorial dos Autonomistas, também no Centro de Rio Branco, que celebra a luta pela elevação do Acre à condição de Estado em 1962. O espaço abriga um mausoléu onde estão os restos mortais de José Guiomard dos Santos, o “Pai da Autonomia Acreana”, e sua esposa Lydia Hammes, reverenciando as articulações e movimentos políticos que permitiram ao Acre assumir sua identidade de estado.

Em cada detalhe do Memorial, a história e o orgulho acreano são mantidos vivos, lembrando aos visitantes que o Acre é o único estado brasileiro que conquistou o direito de ser parte do Brasil a partir de luta territorial.
O Museu dos Povos Acreanos e a memória viva de um povo
Há pouco mais de um ano, o governo do Acre entregou a primeira fase da revitalização do Museu dos Povos Acreanos, um projeto de grande importância cultural e turística para a região. Com um investimento de mais de R$ 16 milhões, viabilizado com recursos próprios e do Banco Mundial, o prédio histórico do antigo Colégio Meta foi transformado em um museu multifacetado e interativo, que reúne acervos etnográficos, arqueológicos e históricos do estado.

No Museu dos Povos Acreanos, a memória do estado é celebrada em diversos ambientes, como a Sala Chico Mendes e a Sala Floresta Acreana, que retratam o universo do seringueiro e a luta ambientalista, eternizando a imagem do mártir da floresta. A Sala das Personalidades, a Sala Interativa e outros espaços tecnológicos foram pensados para engajar o público e preservar o rico legado acreano.
“Esse é um ponto turístico que remete à nossa história e identidade. O museu é um presente para o povo acreano, uma homenagem ao que somos e ao que queremos preservar para o futuro”, destacou o governador Gladson Cameli.

O museu também conta com uma área de café, um auditório e uma praça interna, onde são realizadas apresentações artísticas e culturais, além de uma loja de artesanato, a Bem Acreano, que oferece produtos locais que valorizam a marca do Acre, como biojoias, itens de borracha, cerâmicas e souvenires que conquistam visitantes de todo o país.
Uma história milhares de anos antes que também faz sucesso
Muito antes do Tratado de Petrópolis e da Revolução Acreana, as terras acreanas já abrigavam civilizações antigas que deixaram marcas impressionantes na paisagem amazônica. Os geoglifos, misteriosas figuras geométricas escavadas no solo da região, são um testemunho da presença de povos indígenas que viviam no Acre muito antes da chegada dos europeus ao continente.

Provando o quanto a história do Acre é fascinante em momentos diferenciados, em 2024, esses monumentos pré-históricos ganharam destaque mundial ao aparecerem na série Ancient Apocalypse, da Netflix, que apresenta o ator Keanu Reeves e o pesquisador Graham Hancock discutindo a importância dessas estruturas para a compreensão da história humana na Amazônia.
Para a arqueóloga do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Antonia Damasceno, o potencial de transformar os geoglifos acreanos em Patrimônio da Humanidade é imenso, mas requer comprometimento coletivo e conscientização. “Temos uma herança cultural e arqueológica de valor inestimável, mas precisamos nos apropriar dela. Isso significa educar as pessoas sobre a importância desses sítios e assegurar sua preservação para que possam se tornar um patrimônio da humanidade”, destacou Damasceno.
O fotojornalista Diego Gurgel, que contribuiu com fotografias nas pesquisas sobre os geoglifos e teve imagens creditadas no episódio da série, lembrou do convite do professor Alceu Ranzi e Denise Schaan para participar das pesquisas e fotografar os sítios arqueológicos encontrados no Acre.

“A gente tem um potencial enorme, inclusive, estou escrevendo um livro para falar sobre as vantagens de ser um profissional de comunicação, de imagem, aqui na Amazônia. Mas esse potencial serve para todas as áreas, porque somos daqui e temos propriedade para guiar o turista aqui”, conta Gurgel.
A inclusão dos geoglifos na lista de Patrimônios Mundiais traria reconhecimento internacional e contribuiria para a proteção desses locais, além de atrair turistas e pesquisadores interessados em desvendar os mistérios da ocupação humana na Amazônia pré-colombiana. Essas formações são símbolos de um passado distante e misterioso, que continua a moldar a identidade do Acre e enriquecer a história do Brasil e do mundo.
A preservação da memória para as próximas gerações
Comemorar o Tratado de Petrópolis é, para o Acre, honrar uma história de luta e uma identidade única, que foi forjada com suor, coragem e sangue. Nesta data, o governo acreano se empenha para que o legado de nossos antepassados permaneça vivo, preservando o patrimônio cultural, recuperando espaços de memória e criando novas oportunidades de turismo e conhecimento histórico.

A cada visita ao Museu da Borracha, ao Memorial dos Autonomistas e ao Museu dos Povos Acreanos, além de tantos outros espaços culturais espalhados por todo o estado, acreanos e turistas têm a chance de reviver uma história que mostra ao mundo que o Acre não apenas é brasileiro: ele escolheu, lutou e conquistou o direito de ser Brasil.
Aos 121 anos do Tratado de Petrópolis, o Acre reforça seu papel na história nacional, mantendo viva a chama de um povo que, com orgulho e determinação, forjou sua identidade e sua luta em defesa da Amazônia e do Brasil.
Serviço
Museu dos Povos Acreanos
Avenida Epaminondas Jácome, Centro – Rio Branco
Funcionamento: de quarta a sexta, das 9h às 18h. Sábados, domingos e feriados, das 13h às 18h.
Museu da Borracha
Av. Ceará, n° 1144, Centro – Rio Branco
Funcionamento: de quarta a sexta, das 8h às 17h. Sábados, domingos e feriados, das 13h às 17h.
Memorial dos Autonomistas
Avenida Getúlio Vargas, n° 309, Centro – Rio Branco
Funcionamento: De quarta a sexta, das 9h às 17h. Sábados, domingos e feriados, das 13h às 17h.
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Brasil e Peru definem ações integradas para fortalecer a economia na zona de fronteira

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9 de abril de 2025
Renata Brasileiro
Após um dia de trabalho, representantes do Brasil e Peru que participaram da segunda reunião do Comitê de Fronteira, realizada nesta quarta-feira, 9, em Puerto Maldonado, no Peru, publicaram a ata que define ações e propõe melhorias para a integração e desenvolvimento dos países.
As propostas foram elaboradas por subcomitês temáticos que discutiram diversos temas de interesse comum, com a intenção de fortalecer a cooperação bilateral.
Para a facilitação fronteiriça, foi proposta a simplificação de procedimentos migratórios e aduaneiros, para que as carretas com mercadorias não passem muitas horas paradas, o que atrasa e causa prejuízos ao processo de importação e exportação.

Para a segurança e controle, o subcomitê do tema solicita reforço da colaboração no combate a crimes transfronteiriços, tráfico e contrabando.
No que diz respeito à saúde pública, foi identificada a necessidade de coordenar ações sanitárias e epidemiológicas em áreas de fronteira, com atenção especial a doenças transmissíveis.
Para a integração comercial e desenvolvimento regional, o grupo de trabalho registrou como propostas o fomento ao comércio local e investimentos em infraestrutura e serviços públicos integrados.

Na mesma oportunidade, os governos regionais do Peru (Madre de Dios) e Brasil (Acre) concordaram em compartilhar informações para elaborar planos de desenvolvimento integrados.
“A proposta é fortalecer a Rota de Integração Quadrante Rondon/Via Interoceânica Sul”, destacou a secretária adjunta de Estado de Planejamento, Kelly Lacerda.

A ata e suas propostas serão analisadas de maneira cuidadosa pelo Ministério das Relações Exteriores do Brasil (MRE), garantiu o representante do órgão, Fabio Antunes.
“O meu pedido é para que todos os órgãos envolvidos, Ministério das Relações Exteriores do Peru, governos do Acre e de Madre de Dios, também estejam atentos ao atendimento das propostas, dentro das possibilidades de cada país”, destacou.

Antunes agradeceu o governo do Acre por ter atendido a convocação do Ministério para participar da reunião no Peru com assessores técnicos de todas as áreas que possuem temas inseridos no comitê. Por isso, o governo enviou representantes das secretarias de Estado de Indústria, Ciência e Tecnologia (Seict); de Saúde (Sesacre), de Meio Ambiente (Sema), de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), de Assistência Social e Direitos Humanos (SEASDH), de Agricultura (Seagri), de Turismo (Sete), de Planejamento (Seplan), Casa Civil, Cageacre, Saneacre, Batalhão da Polícia Militar de Brasileia, Agência de Negócios do Acre (Anac) e Procuradoria Geral do Estado (PGE).

“Foi um dia muito produtivo de trabalho, no qual tivemos a oportunidade de avançar em algumas discussões de interesse comum para os dois países. Agradeço ao governo do Peru pela recepção feita à nossa delegação do Acre e vamos continuar juntos nessas discussões, avançando cada vez mais para fortalecermos a nossa integração e economia”, destacou o procurador-geral adjunto do Estado, Leonardo Cesário, que no ato representou o governador Gladson Camelí.
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Ufac e Conselho Regional de Contabilidade firmam parceria institucional — Universidade Federal do Acre

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9 de abril de 2025
Na manhã desta quarta-feira, 26 de março de 2025, a Universidade Federal do Acre (UFAC) e o Conselho Regional de Contabilidade do Acre (CRC/AC) oficializaram uma importante parceria com a assinatura de um termo de cooperação entre as instituições.
A atividade ocorreu na Reitoria da UFAC, com a presença do Reitor em exercício, Prof. Dr. Josimar Batista Ferreira, e do Presidente do CRC/AC, Sr. Edberto Gomes de Sousa. A reunião contou, ainda, com a participação da Coordenadora do Curso de Ciências Contábeis, Profª. Dra. Oleides Francisca de Oliveira, do Vice-Coordenador, Prof. Me. Cícero José Oliveira Guerra, e do Prof. Dr. Deivid Ilecki Forgiarini.
Durante o encontro, foram discutidos temas relevantes relacionados ao curso de Ciências Contábeis da UFAC e às possibilidades de colaboração entre as entidades. A parceria representa um passo significativo para o fortalecimento de iniciativas conjuntas em prol do ensino, pesquisa e extensão, evidenciando o compromisso mútuo com o desenvolvimento acadêmico e profissional dos estudantes no estado do Acre.
A Coordenadora do Curso aponta que “a assinatura do termo reforça a sinergia entre a UFAC e o CRC/AC, abrindo novas perspectivas para projetos futuros e consolidando laços institucionais”.
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ACRE
Ageac acompanha ações de reforço no abastecimento de água da capital

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5 horas atrásem
9 de abril de 2025
Jose Luiz Maciel
A Agência Reguladora dos Serviços Públicos do Estado do Acre (Ageac) realizou, nesta quarta-feira, 9 de abril, uma visita técnica à Estação de Tratamento de Água 1 (ETA-1) e à estrutura de captação da ETA-2, na capital. A ação teve como objetivo acompanhar as intervenções estruturais executadas pelo Serviço de Água e Esgoto de Rio Branco (Saerb), em continuidade às medidas previstas no decreto municipal que renovou a situação de emergência no sistema de abastecimento, publicado na última terça-feira.
Durante a inspeção, os técnicos da Ageac percorreram as instalações da ETA-1 e a área de captação localizada às margens do Rio Acre, onde estão concentradas frentes de trabalho voltadas à modernização das linhas de recalque, à ampliação da base flutuante e à instalação de novas bombas. Essas estruturas são responsáveis por conduzir a água bruta do rio até as estações de tratamento e fazem parte do plano emergencial implementado para garantir a continuidade do fornecimento à população.
O engenheiro civil e gerente técnico do Saerb, Eder Alves Franco, explicou a complexidade da operação. “Cada bomba instalada precisa de, no mínimo, três metros de profundidade útil para funcionar sem puxar sedimento. Se esse volume de água diminui, o sistema começa a falhar. Por isso estamos correndo para instalar novas estruturas, flutuantes e linhas auxiliares que garantam a continuidade do serviço mesmo com variações no nível do rio”, afirmou.
Entre as soluções em andamento está a instalação de tubulações em polietileno de alta densidade (PEAD), material que tem se mostrado eficiente e seguro para esse tipo de operação. Por ser leve, flexível e altamente resistente à pressão, o PEAD permite montagem rápida em áreas de difícil acesso e reduz os riscos de rompimentos, vibrações ou vazamentos. As peças são unidas por soldagem técnica e conectadas a colarinhos reforçados, que formam a estrutura flutuante de apoio às bombas.

A soldagem das novas tubulações está sendo realizada por uma equipe técnica contratada de fora do estado, especializada nesse tipo de procedimento. O serviço é feito por termofusão, uma técnica que utiliza calor para unir as extremidades dos tubos de forma permanente, criando conexões seguras e resistentes à pressão. Esse tipo de solda requer equipamentos específicos e operadores capacitados, já que qualquer falha pode comprometer o sistema de captação e o fornecimento de água para a população.

Além das adaptações físicas, duas novas bombas de 300 litros por segundo, cada, estão sendo instaladas na ETA-1. A previsão é que a produção da estação chegue a até 600 litros por segundo, fortalecendo sua capacidade de resposta enquanto outras frentes de obra seguem em andamento. As ações são planejadas para evitar que a redução da capacidade da ETA-2 afete o abastecimento em bairros da capital.
A assessora técnica executiva da Ageac, Ana Paula Macêdo de Lacerda, destacou a importância da presença da autarquia neste processo. “A presença da Agência nestes espaços reafirma o compromisso da regulação com o controle técnico e a transparência dos serviços públicos. Nosso papel é assegurar que os processos sigam os parâmetros corretos, que os investimentos sejam bem aplicados e que as soluções adotadas estejam à altura do que a população precisa e merece”, afirmou.
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