POLÍTICA
O novo celular bomba no esquema de venda de senten…

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6 meses atrásem
Laryssa Borges
Empresário do ramo de transportes, o lobista Andreson de Oliveira Gonçalves é um homem de muitos segredos. Sem formação jurídica, ele gaba-se de ter acesso privilegiado a desembargadores do Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás e de ter “amigos” poderosos em gabinetes-chave de ministros que cuidam de processos de Direito Privado no Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Sua rede de conhecidos o levou a ser convidado recentemente para a cerimônia de posse de três magistrados do STJ, a acompanhar do back stage uma apresentação do cantor sertanejo Zezé di Camargo e a repetir à exaustão um bordão sacado sempre que conseguia uma decisão favorável comprada na segunda corte mais importante do país: “aqui resolve, Zamp”. Zamp é Roberto Zampieri, um advogado de Cuiabá assassinado à queima-roupa no final do ano passado e cujo telefone celular levou a Polícia Federal a se deparar com um lucrativo esquema de venda de sentenças no STJ.
Na quinta-feira, 24, a PF cumpriu mandados de busca e apreensão em endereços ligados a Andreson. Em Mato Grosso, policiais recolheram um computador usado pelo lobista. Em Brasília, um dispositivo que é considerado uma mina de ouro pelos investigadores: o celular do empresário. O aparelho está oficialmente registrado em nome de sua esposa, a advogada Miriam Ribeiro Rodrigues de Mello Gonçalves, e travado com senha. Ele se recusou a fornecer o código que dá acesso ao acervo do aparelho.
Considerado o novo celular bomba no esquema de venda de sentenças judiciais, o telefone de Andreson pode listar, por exemplo, as amizades e altas autoridades com quem o lobista conversava sem maiores mesuras e complementar conversas cujo contexto parcial só é sabido hoje pelo conteúdo do telefone de Zampieri. Em quatro anos de tratativas, Andreson encaminha ao comparsa, a quem considerava um amigo com quem dividia interesses em fazend,a diferentes minutas de votos de ministros do STJ. Acessar o celular pode ajudar a identificar, por exemplo, o autor original do documento enviado e eventuais novos integrantes do esquema.
Nos diálogos com o defensor assassinado, o lobista também cita nominalmente dois chefes de gabinete de magistrados do STJ e dois servidores do tribunal. Juntos, os quatro, na versão de Andreson, eram fartamente remunerados para produzir votos nos gabinetes dos ministros Paulo Moura Ribeiro, Og Fernandes, Isabel Gallotti e Nancy Andrighi. Há referências a supostos telefonemas de um deles cobrando valores em atraso e encontros ao vivo com uma assessora hoje investigada por comercializar decisões judiciais. A PF não colheu evidências de que os ministros soubessem ou endossassem a venda de sentenças, mas vasculhar o inventário de diálogos e identificar a geolocalização do portador do telefone nos dias em que as decisões foram mercantilizadas são considerados um senhor ganho à investigação.
Assim que as primeiras descobertas foram tabuladas pela Polícia Federal a partir do celular de Roberto Zampieri, os quatro ministros do STJ foram chamados para uma reunião de emergência na Presidência do tribunal. A então presidente Maria Thereza de Assis Moura revelou a suspeita de envolvimento dos assessores, anunciou a abertura de uma investigação interna e relatou o uso das minutas como matéria-prima da trama criminosa. Isabel Gallotti e Og Fernandes saíram em defesa dos funcionários na berlinda e disseram colocar a mão no fogo pela equipe. O clima de caça às bruxas instalado desde que VEJA revelou as investigações sobre o comércio de votos de ministros pode agora atingir um novo patamar – catapultado pelo celular explosivo de Andreson Gonçalves.
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Robson Bonin
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Relator da proposta do governo Lula que isenta de Imposto de Renda quem ganha até 5.000 reais, Arthur Lira tirou o feriado da Páscoa para estudar o texto.
O ex-presidente da Câmara quer dominar o assunto para debater com os técnicos de igual para igual.
O projeto, a maior aposta de Lula para recuperar popularidade neste mandato, foi enviado ao Parlamento em março.
Presidente da Câmara, Hugo Motta já anunciou que o texto do governo será modificado pelos deputados. O PP de Lira inclusive já prepara uma proposta a ser discutida no colegiado que analisará a matéria.
Depois de passar pelas comissões e pelo plenário da Câmara, a matéria, se aprovada, será enviada ao Senado. O governo acredita que a nova regra esteja em vigor já no próximo ano.
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POLÍTICA
Greve de fome de Glauber expõe maior problema da e…

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8 horas atrásem
18 de abril de 2025
Matheus Leitão
O fim da greve de fome do deputado Glauber Braga (PSOL-RJ) expõe a falta de agenda da esquerda brasileira. Deputado sério e atuante, Glauber acertou ao bater pesado em Arthur Lira (PP-AL) e no orçamento secreto. Mas errou ao escorraçar a chutes um provocador desqualificado e mal-intencionado, teleguiado pelo MBL — um dos grupos de baixo nível que surgiram na cena política nos últimos anos. A perda do mandato, no entanto, seria desproporcional ao ocorrido, mas não totalmente errado se todas as violências ocorridas no parlamento tivessem sido levadas a sério.
A greve de fome, por sua vez, é um tipo muito grave de protesto, que foi usado em momentos críticos da história nacional, como na ditadura militar. A realidade, no entanto, é que a greve de Glauber teve como motivo principal salvar apenas seu próprio mandato. Ele vinculou a tentativa de cassação a uma represália por ter atuado contra o orçamento secreto. Certamente uma coisa está, em parte, relacionada à outra, mas o motivo maior era não ser cassado. Além disso, não colou na sociedade a narrativa de que o orçamento secreto é um problema de primeira ordem para o dia a dia do brasileiro, apesar de, sim, ser.
As pessoas ainda estão mais preocupadas, com razão, com necessidades de urgência imediata, como a alta dos alimentos, a falta de empregos de qualidade e, para milhões de brasileiros, a fome. Entendeu, Glauber? A falta de dignidade de poder comer e ter acesso aos serviços básicos, como saúde, educação, se soma à crise de segurança. O país vive, há muito tempo, uma verdadeira epidemia de homicídios.
Glauber encerrou o protesto por ter considerado uma frase do atual presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), como um sinal de que haverá acordo para seu mandato ser preservado, algo incerto neste momento.
Ou seja: não acabou o orçamento secreto, nem a fome, nem a falta de alimentos na mesa do povo. No máximo, houve um acordão para preservar por um tempo o mandato de Glauber — que, como já afirmei, faz um trabalho sério na Câmara.
O deputado, após encerrar o protesto, declarou: “Estou suspendendo essa greve de fome, mas não estamos suspendendo a luta contra o orçamento secreto. Não estamos suspendendo a luta contra o poder oligárquico, contra a responsabilização dos assassinos de Marielle, não estamos suspendendo a luta pela responsabilização dos golpistas de plantão, não estamos suspendendo o conjunto das nossas lutas.”
Todas as pautas citadas por ele são fundamentais. Mas nenhuma delas tem a ver com safanão que Glauber deu em um eleitor contrário a ele e ligado à odiosa extrema direita.
Tudo somado, a greve de Glauber foi mais uma mostra da falta de conexão entre a esquerda e as necessidades da população brasileira. A continuar assim, podemos esperar mais uma vez, em 2026, uma vitória da direita, que — apesar de golpista e sem projeto para o país (para não falar corrupta) — tem sabido explorar os medos do dia a dia do Brasil para ganhar votos. Cabe à esquerda se requalificar e fazer propostas atreladas ao que o brasileiro realmente precisa, para atrair os democratas de outras tendências políticas mas que compartilhem o mesmo repúdio ao golpe de Estado tentado no Brasil.
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POLÍTICA
A garantia de Motta e Alcolumbre a ministros do ST…

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9 horas atrásem
18 de abril de 2025
Robson Bonin
Apesar de todo o barulho bolsonarista em torno do pedido de urgência para votação da anistia aos golpistas de 8 de janeiro, os presidentes da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, e do Senado, Davi Alcolumbre, garantiram a ministros do STF, há algumas semanas, que o tema não avançará no Congresso tão cedo.
“É o que segue valendo”, diz um ministro da Corte.
A ala bolsonarista pressiona Motta a pautar a matéria, por entender que tem maioria para aprovar o requerimento, mas considera que toda a discussão gerada nesta Semana Santa sobre o tema já “cumpriu” o objetivo de manter o tema em evidência.
Motta, como se sabe, chegou a usar as redes para criticar as discussões do requerimento neste período de recesso branco, sem que os líderes tenham se reunido para decidir sobre o tema.
A matéria foi apresentada pelo líder do PL, Sóstenes Cavalcante. Entrevistado no programa Ponto de Vista, o líder do partido de Jair Bolsonaro cobrou publicamente o compromisso de Motta com a matéria. “Se (Motta) não pautar, além da deselegância política, acaba sendo um gesto de distanciamento daqueles que foram os primeiros aliados dele”, disse Cavalcante.
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